(Foto: Pedro Souza / Atlético)
Com o fim da fase de grupos da Libertadores e da Sul-Americana nesta semana, os torcedores já começam a projetar os duelos de mata-mata que definirão os rumos das competições continentais. É nesse momento que uma velha discussão volta à tona: qual o verdadeiro peso do jogo de ida em confrontos eliminatórios? Apesar da tentação de afirmar que tudo se decide no segundo duelo, os dados históricos e os grandes momentos do futebol sul-americano mostram que a primeira partida pode ser decisiva.
Com os emparelhamentos sendo definidos e o chaveamento já se desenhando, a expectativa cresce entre os apostadores e os torcedores. Entre análises, palpites e estatísticas, muitos se perguntam: quem leva vantagem ao jogar a primeira em casa? Ou será que o segredo está em usar o jogo de ida como estratégia para surpreender fora de casa? No meio de tantas dúvidas, cresce também o interesse por análises e tendências, especialmente entre quem acompanha os melhores bets Brasil: ranking 2025, buscando prever o que vem por aí.
O mata-mata sul-americano é um terreno fértil para reviravoltas, jogos memoráveis e estratégias que variam conforme a abordagem de cada equipe. O jogo de ida, que muitas vezes parece apenas uma introdução ao que realmente importa, tem demonstrado ao longo dos anos que pode moldar — e até decidir — o destino de grandes campanhas. E, mais do que isso, ele estabelece o clima emocional e tático da volta, influenciando treinadores, torcidas e jogadores com seu peso silencioso, porém implacável.
A primeira partida em uma disputa de mata-mata não deve ser vista como um ensaio, mas como uma peça fundamental da estratégia. Estatísticas históricas comprovam que sair na frente, mesmo com um placar mínimo, aumenta significativamente as chances de classificação. Isso porque o time que abre vantagem no primeiro jogo geralmente entra no duelo de volta com mais confiança, podendo controlar o ritmo e obrigar o adversário a correr riscos.
Na Libertadores, por exemplo, dados divulgados pelo Espião Estatístico do ge.globo.com apontam que, em 308 confrontos de mata-mata disputados por clubes brasileiros, 58,8% das equipes que fizeram o jogo de volta em casa se classificaram. Quando analisamos apenas as oitavas de final, esse número sobe para 62,9%. Ou seja, decidir em casa continua sendo um trunfo importante, mas boa parte desse êxito vem justamente de boas atuações no jogo de ida, seja dentro ou fora de seus domínios.
A importância da primeira partida também aparece na Copa Sul-Americana, embora os dados específicos sejam menos detalhados. A lógica, no entanto, se mantém: o jogo de ida cria o roteiro, define o tom da narrativa e, em muitos casos, pressiona o adversário para o segundo capítulo. Times que sabem explorar esse momento, especialmente fora de casa, conseguem vantagens psicológicas e táticas que se revelam letais.
Durante muitos anos, o gol marcado fora de casa foi critério de desempate em praticamente todas as competições sul-americanas. Essa regra influenciava diretamente a forma como os clubes encaravam o jogo de ida. Marcar um gol longe de casa significava uma vantagem estratégica que poderia pesar muito em caso de empate agregado.
Um exemplo notório foi com o Galo foi na Libertadores de 2016, que foi eliminado para o São Paulo nas quartas de final. No Morumbi, o tricolor venceu por 1 a 0, e no Mineirão, perdeu de 2 a 1. No agregado, duelo ficou 2 a 2, mas o São Paulo fez um gol fora de casa, e o alvinegro, nenhum.
Contudo, em 2021, a Conmebol decidiu abolir o critério do gol fora de casa. A justificativa foi tornar os confrontos mais equilibrados e menos previsíveis, evitando que o time visitante jogasse exclusivamente para marcar uma única vez e se fechar. Desde então, todos os gols passaram a ter o mesmo peso, independentemente do local onde foram marcados.
Essa mudança alterou o comportamento das equipes. Um exemplo claro foi o confronto entre Palmeiras e Atlético-MG nas semifinais de 2021. O empate por 0 a 0 na ida e 1 a 1 na volta classificou o Palmeiras, que antes teria sido eliminado se o gol fora ainda fosse critério — já que o Atlético marcou como visitante. Com a nova regra, o empate em 1 a 1 levou o jogo aos pênaltis, onde o Palmeiras avançou.
As grandes viradas e eliminações que marcaram os torneios sul-americanos mostram que o jogo de ida pode tanto pavimentar o caminho ao título quanto tornar a missão impossível. O equilíbrio psicológico de uma equipe muitas vezes se desestabiliza ao ver-se em desvantagem logo após o primeiro confronto, ainda mais em ambientes hostis como os estádios sul-americanos, onde a atmosfera pode ser determinante.
O Atlético-MG de 2021 é um caso emblemático. Enfrentando o River Plate nas quartas, venceu por 1 a 0 fora de casa e confirmou com autoridade ao aplicar 3 a 0 no jogo de volta. A vantagem no primeiro jogo não só deu tranquilidade para o segundo, como abalou o adversário. Já o Palmeiras, na semifinal contra o mesmo River em 2020, construiu uma vantagem de 3 a 0 no jogo de ida fora de casa — um placar que praticamente selou a classificação. Mesmo sofrendo no jogo da volta, a margem obtida inicialmente foi determinante.
Na Sul-Americana, o Independiente del Valle soube jogar com inteligência ao vencer o Corinthians fora de casa. Com o 2 a 0 conquistado em São Paulo, o empate no Equador virou apenas um detalhe. Esses casos mostram como o primeiro jogo pode funcionar como golpe inicial e, muitas vezes, definitivo.
Além dos números, existe um fator emocional difícil de quantificar: a pressão. Quem perde o jogo de ida precisa lidar com a ansiedade do “tudo ou nada”, enquanto quem vence consegue usar o relógio a seu favor. Isso afeta desde a abordagem tática até o psicológico de cada atleta, especialmente em estádios lotados e sob olhares atentos da imprensa e da torcida.
Com a definição dos classificados na fase de grupos da Libertadores e da Sul-Americana em andamento, a expectativa em torno dos confrontos eliminatórios cresce. O nível de competitividade tem sido alto, e o calendário apertado adiciona mais uma camada de complexidade. Clubes precisarão administrar elencos, lidar com deslocamentos longos e ainda preparar estratégias adequadas para os dois confrontos.
Em 2025, mais do que nunca, o jogo de ida deve ser tratado com atenção máxima. A tendência é que os clubes utilizem o primeiro confronto como uma oportunidade de abrir vantagem ou, ao menos, neutralizar o ímpeto adversário. Times bem organizados, com treinadores experientes e elencos versáteis, tendem a se dar melhor nessa dinâmica.
O torcedor que acompanha os mata-matas sabe: raramente se vence um confronto em 90 minutos. A história mostra que, quando se joga o primeiro tempo com inteligência — ou seja, o jogo de ida —, a segunda metade pode ser uma formalidade. E à medida que os embates de 2025 se aproximam, quem souber jogar esse xadrez desde o início estará um passo mais próximo da glória continental.