Maioria das mortes maternas é considerada evitável por especialistas (Foto/Pexels/Rafael Henrique)
Minas Gerais registrou, em 2024, 103 mortes maternas, o equivalente a duas por semana. Os dados, do painel da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), consideram óbitos durante a gestação ou até 42 dias após o parto — período chamado de puerpério. A razão de mortalidade materna no Estado chegou a 46,95 mortes para cada 100 mil nascidos vivos, um aumento de 17% em relação a 2023, quando foram registrados 88 casos (razão de 37,62). A maioria das vítimas tinha entre 20 e 29 anos.
O alerta ganha destaque neste 28 de maio, Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna. Apesar de o Brasil ter reduzido a taxa de 120 para cerca de 55 mortes a cada 100 mil nascidos vivos entre os anos 1990 e 2022, os números atuais mostram que o problema persiste — especialmente em regiões com maior vulnerabilidade social e menor acesso a serviços de saúde de qualidade.
Segundo a médica Larissa Volpini, da diretoria da SOGIMIG (Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais), 90% das mortes maternas poderiam ser evitadas. Ela destaca três fatores que costumam estar presentes nos casos fatais:
“As principais causas ainda são as síndromes hipertensivas e as hemorragias, especialmente a hemorragia pós-parto. São situações tratáveis, desde que haja diagnóstico precoce, equipe treinada e estrutura adequada”, afirma Larissa.
Rede Alyne
Com o objetivo de reduzir a mortalidade materna em 25% no Brasil, o Governo Federal lançou, em setembro do ano passado, a Rede Alyne, uma estratégia que busca ampliar o cuidado humanizado e integral para gestantes, parturientes, puérperas e crianças.
A nova política tem como meta reduzir em 50% a mortalidade materna de mulheres negras até 2027. Dados do Ministério da Saúde indicam que as mortes evitáveis atingem de forma desproporcional mulheres pardas e pretas, com idade entre 25 e 34 anos, baixa escolaridade e menor renda.
O nome da rede é uma homenagem a Alyne Pimentel, mulher preta e de origem humilde, que morreu grávida de seis meses por desassistência em Belford Roxo (RJ), em 2002. O caso resultou na primeira condenação internacional do Brasil por morte materna evitável, reconhecida como violação dos direitos humanos das mulheres a uma maternidade segura.
Fonte: O Tempo