“Amigo do Amigo” é desdobramento das operações Limpidus e Cisvalegran e investiga esquema de apadrinhamento político em concurso realizado em 2023
O objetivo da operação é desarticular um núcleo criminoso suspeito de fraudar licitação e direcionar vagas no concurso público da Prefeitura de Delta, realizado em 2023 (Foto/Reprodução)
Na manhã desta terça-feira (6), o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a Polícia Civil (PCMG) e a Receita Estadual deflagraram a operação “Amigo do Amigo”, com o objetivo de desarticular um núcleo criminoso suspeito de fraudar licitação e direcionar vagas no concurso público da Prefeitura de Delta (MG), realizado em 2023.
A ação é mais um desdobramento das investigações que resultaram nas operações Cisvalegran e Limpidus, ambas voltadas ao combate de esquemas de corrupção no município de Delta e no Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Rio Grande (Cisvalegran), entre os anos de 2020 e 2024. Uma dessas operações, inclusive, levou à prisão do ex-prefeito Marcos Roberto Estevam (Mobi), em dezembro de 2024, pelo crime de peculato.
Nesta fase, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão em imóveis localizados em Nova Lima e Belo Horizonte. Os alvos incluem duas empresas contratadas para organizar o Concurso Público nº 01/2023 de Delta, além das residências das sócias administradoras. Segundo as investigações, elas teriam se associado a agentes públicos para favorecer parentes, amigos e aliados políticos de vereadores e do então prefeito, comprometendo a lisura do certame.
De acordo com o Ministério Público, cerca de 30% das questões da prova foram anuladas, e ao menos 50 candidatos teriam sido beneficiados indevidamente. O processo licitatório que contratou a banca organizadora também é alvo de suspeitas.
As investigações estão a cargo da 15ª Promotoria de Justiça de Uberaba, por meio de Procedimento Investigatório Criminal, e da Delegacia de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil, com base em denúncias feitas por moradores de Delta logo após a realização da prova. Estão sendo apurados os crimes de associação criminosa, fraude à licitação, fraude em concurso público e inserção de dados falsos em sistema de informação.
O nome da operação, “Amigo do Amigo”, faz alusão ao apadrinhamento político que teria permeado todo o processo, em prejuízo da igualdade de condições e da meritocracia que regem concursos públicos.
A documentação apreendida será analisada, e novas oitivas estão previstas nas próximas semanas. As investigações seguem em andamento.