O Cardeal Peter Ebere Okpaleke, da Nigéria, já está em Roma para o Conclave (Foto/Reprodução)
A cidade de Roma se torna, nesta semana, o centro das atenções do mundo católico. Os 133 cardeais com direito a voto já estão reunidos para o conclave que definirá o novo líder da Igreja Católica, após o fim do pontificado de Francisco. O encontro será realizado sob o tradicional sigilo da Capela Sistina, a partir de quarta-feira (7), e promete ser um dos mais imprevisíveis das últimas décadas.
A escolha do novo pontífice mobiliza a Igreja de 1,4 bilhão de fiéis e acontece em meio a tensões internas entre alas progressistas e conservadoras. O papa Francisco, primeiro latino-americano a ocupar o trono de São Pedro, deixa como legado uma gestão marcada por reformas institucionais, foco nas periferias e apelo por uma Igreja mais aberta. Apesar de sua popularidade global, seu papado enfrentou forte resistência de setores mais tradicionais.
Enquanto isso, a Praça de São Pedro se enche de fiéis e turistas que aguardam ansiosamente o sinal da fumaça branca – o tradicional anúncio visual de que um novo papa foi escolhido. A expectativa é que o processo de votação, com até quatro sessões diárias, dure entre dois e três dias, embora analistas não descartem uma duração maior diante da diversidade de perfis e visões teológicas entre os eleitores.
O Vaticano finaliza os últimos preparativos para o ritual secular: a instalação das cortinas de veludo na sacada central da basílica e os mecanismos para o famoso sistema de queima de cédulas. Durante o conclave, os cardeais permanecerão completamente isolados: sem telefone, acesso à internet ou contato com o exterior.
Entre os nomes cotados estão figuras de diferentes continentes, como o italiano Pietro Parolin, o maltês Mario Grech, o francês Jean-Marc Aveline e o filipino Luis Antonio Tagle. Ainda assim, como bem diz o ditado que ecoa pelos corredores do Vaticano: "quem entra papa, sai cardeal". Não há campanhas declaradas, mas bastidores fervilham com conversas e articulações discretas.
Esta será a eleição papal mais internacional da história da Igreja, com representantes de 70 países. Muitos dos eleitores foram nomeados pelo próprio Francisco, o que sugere a possibilidade de continuidade em seu projeto pastoral, embora seja improvável que seu sucessor tenha o mesmo perfil reformista.
Para o padre canadense Justin Pulikunnel, o próximo papa precisa ser um ponto de convergência. “A Igreja viveu momentos de ambiguidade. Precisamos de alguém que una, não divida”, afirmou. Já fiéis como a mexicana María de los Ángeles Pérez expressam a esperança de um novo pontífice voltado aos necessitados. “Alguém mais próximo dos pobres, como foi Francisco”, disse.
O conclave representa não apenas uma decisão religiosa, mas também uma escolha política e simbólica que influenciará profundamente o rumo da Igreja nos próximos anos. Independentemente de quem for escolhido, o mundo aguarda a abertura das cortinas na sacada da basílica e o anúncio: Habemus Papam.