CONDENADA

Brasileira envolvida no 8 janeiro é presa pela PF após ser deportada dos EUA por governo Trump

Mulher se recusou a assinar acordo que evitaria prisão, fugiu para Argentina até chegar ao México e ser detida com outras condenadas na fronteira com os EUA

Renato Alves/O Tempo
Publicado em 26/05/2025 às 11:09
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Imigrantes são colocados em avião militar para serem deportados dos EUA, seguindo política implantada pelo governo Trump (Foto/Public Domain)

Uma catarinense de Balneário Camboriú foi presa ao chegar ao Brasil, no sábado (24), em voo com outras 102 pessoas repatriadas dos Estados Unidos. Ela foi condenada por participação nos atos de 8 de janeiro de 2023.

A mulher recebeu um ano de prisão por associação criminosa pela participação, mas teve a pena convertida em medidas alternativas, como prestação de serviços comunitários e participação em curso sobre democracia. Mas não quis assinar o acordo de não persecução penal e fugiu do país.

Apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Cristiane de Silva, 33 anos, que é garçonete, deixou o Brasil em 2024, quando o processo ainda estava em fase preliminar e havia possibilidade de suspensão. Mas ela juntou-se a outros condenados e viajou para a Argentina.

O grupo apostava em abrigo no país vizinho com a posse do presidente Javier Milei, aliado de Bolsonaro. Mas ele decidiu colaborar com a Justiça brasileira, conforme acordo entre os dos países que prevê a extradição de condenados.

Diante de tal cenário, o grupo foi para o Peru e, depois, para a Colômbia — país que abandonaram por ser governado pela esquerda de Gustavo Petro, o que, para eles, era uma garantia de extradição.

Da Colômbia, o grupo seguiu para Panamá e México. Os brasileiros foram detidos em El Paso, no Texas, em 21 de janeiro deste ano, um dia após a posse de Donald Trump, que prometeu intensificar a repressão contra imigrantes ilegais.

Outras três brasileiras envolvidas nos atos de 8 de janeiro de 2023 também foram presas nos EUA: Rosana Maciel Gomes (condenada a 14 anos) e Raquel de Souza Lopes (condenada a 17 anos); Michely Paiva Alves ainda responde como ré.

Elas tentaram ir para os EUA após os pedidos de extradição do Supremo Tribunal Federal (STF). No país norte-americano, buscavam asilo político do governo Trump, uma vez que ele é aliado de Bolsonaro. 

As mulheres, porém, foram detidas durante patrulhamento nas fronteiras do Texas. A Polícia de Imigração e Alfândega dos EUA não forneceu detalhes sobre as condições de sua detenção, citando "questões de privacidade".

Ao serem presas, elas foram processadas pela Patrulha de Fronteira dos EUA por meio de expulsões aceleradas, um procedimento mais rápido de deportação.

Nesse tipo de processo, os estrangeiros são deportados sem que tenham uma audiência diante de um juiz de imigração. As prisões das brasileiras foram reveladas pelo portal UOL em março de 2025, quando elas já estavam detidas havia 50 dias.

Voos de repatriação são organizados pelos governos dos EUA e do Brasil

Cristiane voltou ao Brasil no último sábado em voo de repatriação organizado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O avião, que pousou em Fortaleza, trouxe 90 homens e 13 mulheres, a maioria entre 18 e 29 anos. Segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), três pessoas tinham mandados de prisão ativos e foram encaminhadas diretamente à custódia da Polícia Federal. Entre elas, Cristiane. As outras duas seguiram para Confins (MG) em avião da Força Aérea Brasileira (FAB).

Desde fevereiro, 783 brasileiros foram repatriados dos EUA em voos organizados pelos governos Trump e Lula. Quando chegam ao Brasil, os brasileiros têm assistência médica e psicológica, além de receber alimentação e direito a banho. Os voos pousam primeiro em Fortaleza para diminuir o tempo de viagem em aeronaves contratadas e operadas pelo governo dos EUA, em que os repatriados viajam algemados, tratados como criminosos. Ao chegar na capital do Ceará, ficam sob responsabilidade do governo brasileiro.

Além disso, pessoas em situação de vulnerabilidade, como idosos, pessoas com deficiência e população LGBTQIA+, ainda recebem acompanhamento especializado. "Para aqueles que não têm um local para ficar quando chegam, o governo federal oferece estrutura de acolhimento provisório com alimentação e acomodação, além do custeio de passagens de ônibus para o retorno seguro às cidades de origem, em parceria com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)", divulgou o governo brasileiro.

Fonte: O Tempo

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