Médica é suspeita de sequestrar bebê em Minas Gerais (Foto/Reprodução/Instagram)
A médica neurologista Claudia Soares Alves, de 42 anos, teria premeditado o sequestro de um bebê e tinha preferência por uma menina. É o que indica as informações iniciais da Polícia Civil de Itumbiara, em Goiás, onde a médica mora, trabalha e foi presa em casa.
No carro da médica, foi encontrado um enxoval completo de menina, o que indica a premeditação do crime. Ao ser presa por volta de 10h30 no bairro Jardim Morumbi, a mulher respondeu que as peças de roupas novas seriam um presente para sua empregada doméstica, que está grávida, porém, a funcionária espera um menino.
O delegado Marcos Tadeu, chefe do 9º Departamento de Polícia Civil de Uberlândia, será o responsável por investigar as circunstâncias que favoreceram o sequestro dentro do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU). Em contato com a reportagem de O Tempo nesta quinta-feira (25 de julho), o delegado confirmou que o crime foi premeditado.
“Quando a gente fala em crime premeditado, quer dizer que a pessoa planeja e depois vai lá e executa. A maior parte dos crimes é premeditado. A pessoa fala que vai furtar um carro. Então ela vai lá e planeja como vai furtar. Isso é premeditar, quer dizer que a pessoa anteviu e se preparou para o crime. Como ela colocou tudo, se preparou toda (com jaleco e crachá), foi lá na maternidade e pegou a criança, então podemos falar dentro desse contexto, que foi premeditado”, afirmou.
Sobre a preferência pela vítima ser uma menina, o delegado afirmou que isso será investigado pela polícia mineira. “O primeiro objetivo nosso era a recuperação da criança. Bom, achamos a criança, então o segundo passo é investigar como tudo aconteceu”, contou. Na delegacia, a médica teria usado o direito de ficar em silêncio após ser orientada pelo advogado.
O delegado Marcos Tadeu ressaltou a importância da parceria com a Polícia Civil de Goiás e que vai iniciar nesta quinta-feira a montagem do “quebra-cabeça” para desvendar o crime. Ele descartou a hipótese de haver uma gangue na região voltada para o tráfico de crianças.
O advogado da médica, Vladimir Rezende, alegou que a cliente não tinha "capacidade de discernir" as ações. No posicionamento, Rezende afirma que Claudia é "portadora de transtorno afetivo bipolar". "No momento dos fatos, se encontrava em crise psicótica, não tendo capacidade de discernir a natureza inadequada e/ou ilícita de suas atitudes", acrescentou no comunicado.
Entenda o caso
Sequestro
O crime começou às 23h23, quando a sequestradora chegou ao local. Ela se apresentou na portaria como sendo uma funcionária do hospital de nome Amanda, foi à ala da maternidade e, após dizer que é médica, pegou a criança dos pais alegando que a levaria para se alimentar e fugiu com a pequena dentro de uma mochila. De acordo com o boletim de ocorrência, a ação da mulher dentro do hospital durou cerca de 30 minutos.
Atitude suspeita
A suspeita foi identificada após uma funcionária desconfiar da atitude da mulher e entrar em contato com os seguranças e com o setor de clínica médica para saber se, de fato, uma profissional chamada Amanda cobriria a falta de alguém. Ela foi informada, entretanto, de que a equipe do setor estava completa.
Segundo a PM, um dos vigilantes do hospital contou que, após ser informado pela portaria sobre a atitude suspeita, abordou a mulher logo após ela sair de um banheiro. Ele teria perguntado se ela "precisava de alguma coisa" e recebeu como resposta da autora que ela já estava de saída, pois faria um plantão no local, mas havia sido informada de que o quadro de funcionários já estava completo.
O trabalhador disse aos militares que acompanhou a mulher até a saída, pois não tem permissão para revistar pessoas que entram na unidade de saúde. Conforme a ocorrência, o vigilante disse que o sumiço da recém-nascida só foi informado após a criminosa deixar o hospital. A partir daí, a PM foi acionada.
Pai desconfiou de sequestro
Para a PM, o pai da menina contou que descansava com a esposa quando a sequestradora se identificou como médica e disse que levaria a recém-nascida para tomar leite no "copinho". O homem disse que a autora entrou em uma sala em frente ao quarto onde eles estavam e fechou a porta, enquanto ele esperava no corredor.
De acordo o relato do pai, após alguns minutos, a mulher deixou a sala com um cobertor nas mãos e uma mochila amarela nas costas e afirmou que uma enfermeira dava leite à criança. Com a demora e após a sequestradora sair do local, ele perguntou sobre a filha a uma funcionária, mas foi informado de que nenhum profissional teria pegado a bebê. No mesmo instante, o pai da criança também procurou a equipe de segurança para relatar o desaparecimento da filha.
Prisão
A partir do relato dos funcionários e do pai da criança, a Polícia Militar (PMMG) iniciou buscas à procura da sequestradora, que seguiram por toda a madrugada. Imagens rastrearam a passagem da médica, em um veículo Toyota Corolla, pela rodovia BR-365, ao passar por um pedágio para chegar a Itumbiara.
A suspeita só foi localizada na manhã de quarta-feira (24 de julho), na cidade de Itumbiara, em Goiás, que fica a cerca de 135 km da cidade onde o crime ocorreu. Conforme o delegado Marcos Tadeu, quando a equipe da polícia chegou na casa da médica, encontrou uma funcionária com a criança. Questionada, a mulher disse que Claudia tinha ido viajar. Uma equipe da Polícia Civil permaneceu no imóvel, enquanto outra levou a recém-nascida para o hospital. Passado um período, a médica voltou para casa, onde recebeu voz de prisão.
No carro da mulher, os policiais civis encontraram roupinhas da criança, sapatos e duas bolsas.
Quem é a sequestradora?
Segundo a Polícia Civil de Goiás, a sequestradora é uma médica, de 42, e foi autuada em flagrante delito pelo crime de sequestro. Nas redes sociais, onde acumula mais de 9 mil seguidores, a mulher se identifica como uma neurologista apaixonada por medicina.
No currículo divulgado pela médica, ela descreveu que fez residência na Clínica Médica da Universidade Federal de Uberlândia e é especialista em Medicina Interna e Neurologia. Também é professora da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Goiás (UEG) desde 2019.