NOVO PAPA

Escolha do nome papal segue ritual secular; saiba início da tradição e nomes mais populares

Cardeal eleito responde em latim sobre qual nome deseja adotar, marcando início oficial do pontificado e significando uma segunda conversão

O Tempo
Publicado em 07/05/2025 às 17:01
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A escolha do nome papal representa um momento simbólico que pode indicar homenagens ou transmitir mensagens específicas aos fiéis da Igreja Católica. Esta prática, que marca o início oficial do pontificado, segue um ritual estabelecido há séculos entre os participantes do Conclave. A escolha do novo papa foi iniciada nesta terça-feira (7 de maio) e pode ocorrer a qualquer momento. 

Após a eleição, o Cardeal Decano pergunta ao escolhido em latim: "Quo nomine vis vocari?" (Com que nome queres ser chamado?). Esta pergunta é feita após uma votação válida, precedida por outra igualmente importante: "Acceptasne electionem de te canonice factam in Summum Pontificem?" (Você aceita sua eleição canônica como Sumo Pontífice?).

Se a eleição for aceita, a multidão de fiéis ouvirá então o protodiacono anunciar da sacada central da Basílica de São Pedro: "Nuntio vobis gaudium magnum: habemus papam! Eminentissimum et reverendissimum dominum..., qui sibi imposuit nomen...". "Anuncio-vos uma grande alegria; Temos um papa: O eminentíssimo e reverendíssimo Senhor... que se impôs o nome de....".

Origem

A tradição de mudar o nome papal começou no ano 533, quando um cardeal chamado Mercúrio foi eleito papa. Para evitar associações com uma divindade pagã romana, ele adotou o nome de João II, estabelecendo um costume que permanece até hoje. Esta mudança simboliza o que muitos consideram uma "segunda conversão", representando o renascimento espiritual do novo líder católico.

Na verdade, esta tradição está profundamente arraigada na história da Igreja e ligada às origens do cristianismo: foi Jesus quem mudou o nome do apóstolo Simão para Pedro, o primeiro Pontífice, dizendo: "Tu es Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja". A substituição do nome de batismo pelo nome pontifício tornou-se, ao longo dos séculos, um costume milenar, quase como para assinalar "um segundo nascimento" ao qual o Bispo de Roma é chamado após a eleição.

Os cinco pontífices mais recentes demonstram a diversidade nas escolhas: Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II, Bento XVI e o atual papa Francisco. João Paulo I inovou ao escolher um nome duplo para honrar seus antecessores imediatos, João XXIII e Paulo VI. Seu sucessor manteve o mesmo nome, sinalizando continuidade com o pontificado anterior.

Paulo VI explicou sua escolha durante uma homilia em 30 de junho de 1963: "Paulo é o Apóstolo que amou a Cristo supremamente, que desejou e se esforçou supremamente para levar o Evangelho de Cristo a todos os homens, que ofereceu sua vida por amor a Cristo". Já Bento XVI, na Audiência Geral de 27 de abril de 2005, explicou: "Quis chamar-me Bento XVI para me relacionar idealmente com o venerado Pontífice Bento XV, que guiou a Igreja num período atormentado devido ao primeiro conflito mundial... O nome Bento recorda também a extraordinária figura do grande 'Patriarca do monaquismo ocidental', São Bento de Nursia".

Francisco trouxe uma novidade ao selecionar um nome nunca usado na história papal, homenageando São Francisco de Assis. Esta escolha foi vista como um sinal de seu compromisso com valores como humildade, paz e dedicação aos mais pobres. O próprio papa Bergoglio explicou sua escolha em 16 de março de 2013: "Surgiu o nome no meu coração: Francisco de Assis. Para mim, é o homem da pobreza, o homem da paz, o homem que ama e preserva a criação".

Uma curiosidade envolve o nome Pedro. Apesar de São Pedro ser considerado o "príncipe dos apóstolos" e o primeiro papa, nenhum pontífice adotou o nome "Pedro II". Isso ocorre pelo profundo respeito à figura do apóstolo e também devido a uma antiga profecia que associa um hipotético "Pedro II" ao fim do papado.

Nomes populares

Ao longo dos séculos, alguns nomes se tornaram mais populares entre os papas. João lidera esta lista, escolhido por mais de 20 pontífices. Gregório e Bento também figuram entre os favoritos, cada um adotado por mais de 15 papas na história da Igreja Católica. Entre os nomes mais utilizados pelos Pontífices após a eleição estão também Pio, Inocêncio, Leão e Clemente.

Por outro lado, certos nomes importantes na tradição cristã nunca foram escolhidos. José, mesmo sendo figura central como pai adotivo de Jesus, nunca foi selecionado como nome papal. O mesmo acontece com Tiago, André e Lucas, que permanecem ausentes da lista de nomes papais.

A escolha do nome também está ligada a motivações emocionais. João XXIII explicou em seu discurso de 28 de outubro de 1958: "Vocabor Ioannes. Nomen Nobis dulce, quia nomen patris Nostri... Chamar-me-ei João. Este nome é-nos doce porque é o nome do nosso pai, é-nos suave porque é o título da humilde paróquia em que fomos batizados".

Em setembro de 2023, o papa Francisco brincou durante uma coletiva de imprensa: "Se eu não for, João XXIV certamente irá", referindo-se a uma possível viagem apostólica ao Vietnã. Mas o nome do 267º papa permanece uma incógnita até o momento da eleição. 

Fonte: O Tempo.

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