O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango (Foto/Pixabay)
A confirmação de um caso de gripe aviária em uma granja comercial em Montenegro, no Rio Grande do Sul (RS), deve impactar o volume de exportações do Brasil nos próximos meses. Conforme levantamento preliminar realizado pela consultoria Safras & Mercado, em torno de 15% a 20% das vendas mensais de carne de frango devem ser afetadas, uma vez que o Estado - o terceiro maior exportador do país - está suspenso de comercializar o produto. “Suspendemos o Rio Grande do Sul das exportações, cumprindo o protocolo, mas o restante do Brasil continua com o fluxo comercial normal", disse nesta sexta-feira (16/5) o ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro.
Por causa do registro do vírus, a União Europeia e a China - importante importador - interromperam a compra de carne de frango brasileira. Em razão disso, estima-se que o Estado gaúcho tenha prejuízos significativos. “A China importa mais de 40 mil toneladas mensais do RS, com uma fatia de mais de 10% das exportações brasileiras. Em primeira análise, haverá maior disponibilidade de produto no mercado doméstico, com potencial para recuo das cotações ao longo de todas as etapas da cadeia produtiva”, enfatiza o analista de Safras & Mercado, Fernando Iglesias. Além de enviar a carne para o território chinês, o RS ainda embarca mensalmente em torno de 8,37 mil toneladas para os Emirados Árabes; 7,6 mil para a Arabia Saudita; e 2,16 mil toneladas para o Japão.
Segundo Iglesias, apesar da gravidade do caso, a estrutura atual dos acordos comerciais firmados pelo Brasil tem permitido uma abordagem mais flexível por parte de alguns parceiros internacionais. “Países como Japão e os integrantes do Oriente Médio podem restringir a compra temporariamente apenas do Rio Grande do Sul, ou mesmo das áreas específicas em que a doença foi identificada, mantendo abertas as importações de outras regiões brasileiras,” explica.
O ministro afirmou que foi decretada emergência zoossanitária por 60 dias em Montenegro, em um raio de dez quilômetros ao redor do estabelecimento onde foi encontrado o vírus da influenza aviária de alta patogenicidade. Essa área pode ser alterada posteriormente pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa.
Comércio exterior
Ainda conforme levantamento da consultoria Safras & Mercado, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior, as exportações de carne de aves e suas miudezas do Brasil renderam US$ 251,038 milhões em maio (6 dias úteis), com média diária de US$ 41,839 milhões. A quantidade total vendida pelo país chega a 139,401 mil toneladas, com média diária de 23,233 mil toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 1.800,8. Em relação a maio de 2024, há avanço de 16,9% no valor médio por dia, alta de 15% na quantidade média e valorização de 1,7% no preço.
Repercussão
A reportagem procurou entidades ligadas ao setor para saber sobre a previsão de impactos comerciais, mas nenhuma chegou a comentar a respeito. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV) afirmaram apenas que “confiam na rapidez das tratativas que serão adotadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em todos os níveis, de tal forma que qualquer efeito decorrente da situação seja solucionado no menor prazo possível.”
O caso
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou nessa quinta-feira (15/5) a detecção do vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja em Montenegro, no estado do Rio Grande do Sul. Esse foi o primeiro caso em sistema de avicultura comercial no Brasil - o maior exportador mundial de carne de frango. “As medidas de contenção e erradicação do foco previstas no plano nacional de contingência já foram iniciadas e visam não somente debelar a doença, mas também manter a capacidade produtiva do setor, garantindo o abastecimento e, assim, a segurança alimentar da população", informou a pasta.
O Mapa alerta que a gripe aviária não é transmitida pelo consumo de carne de aves nem de ovos. “A população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados, não havendo qualquer restrição ao seu consumo. O risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo e, em sua maioria, ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas (vivas ou mortas),” evidenciou.
Fonte: O Tempo