A retomada da votação do impeachment de Augusto Melo ocorre em momento conturbado no Corinthians (Foto/Divulgação/Asscom Corinthians)
A votação do impeachment do presidente do Corinthians, Augusto Melo, será retomada após um intervalo de 126 dias da primeira reunião do Conselho Deliberativo. A convocação, feita nesta terça-feira, prevê a continuação para o dia 26 de maio.
A pauta prevê uma explanação de até 30 minutos do presidente da Comissão de Ética e Disciplina, Roberson de Medeiros. Na sequência, Melo terá também meia hora para apresentar sua defesa Depois, será votada a destituição, seguida pelo anúncio do resultado.
A retomada da votação ocorre em momento conturbado da política corintiana. O diretor de marketing, Edgard Soares, pediu demissão, um mês após demitir os superintendentes de marketing, Vinicius Manfredi, e comercial, Sandor Romanelli. Antes, o gerente Luís Otávio Costa também havia sido desligado.
O ídolo Dinei também deixou a coordenação da base do clube. "Falei com o presidente Augusto (Melo). Gratidão eterna pelo nosso presidente. Confio demais no Augusto, só no Augusto. As pessoas que cercam ele eu não confio", justificou o ex-jogador.
O clima com a torcida também já não é o mesmo. Após a reprovação das contas de 2024, os muros do Parque São Jorge foram pichados com manifestações e protestos contra o Augusto Melo.
O ambiente contrasta com o momento da primeira reunião, que teve protestos organizados pela Gaviões da Fiel, na parte de fora do Parque São Jorge, em apoio a Melo e acusações de que o processo era um golpe. Eles entoaram gritos contra Romeu Tuma Jr. e o ex-diretor de futebol Rubens Gomes, o Rubão.
Em 20 de janeiro, por 126 votos a 114, foi definido que o processo iria continuar. O resultado foi anunciado já às 23h20. A reunião, contudo, foi interrompida, pelo horário próximo de meia-noite.
Após a primeira aprovação, não havia consenso sobre quem poderia votar o impeachment. Houve quem argumentou que os que não votaram pela admissibilidade ficariam fora, o que representaria 62 votos.
Entretanto, integrantes do Conselho de Ética contrariaram o argumento. No edital, o presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, cita que a convocação é válida para todos os conselheiros.
Para Augusto Melo, a votação do impeachment fere o estatuto do Corinthians. Isso porque a Comissão de Ética e Disciplina recomendou a suspensão da votação até o fim das investigações da Polícia Civil no caso da Vai de Bet, motivo apontado como justificativa para o impedimento. As averiguações estão em fase final.
A convocação de janeiro foi a terceira data para a discussão do tema. Inicialmente, a votação seria em 28 de novembro, mas foi remarcada após as autoridades citarem falta de segurança no local. Os membros voltaram a se reunir em 2 de dezembro, mas Augusto Melo conseguiu suspender a votação por meio de uma liminar, derrubada dez dias depois pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
A votação a ser retomada é relativa ao primeiro de três processos de impeachment que Augusto Melo enfrenta. Além do pedido a partir do caso com a Vai de Bet, uma segunda solicitação foi feita pelo Conselho de Orientação (Cori).
O motivo deste segundo pedido foi "falta de clareza na apresentação de informações sobre as finanças do clube". O Cori apontou um aumento de R$ 829 milhões do passivo total do clube ao longo do primeiro ano de gestão de Augusto Melo. Segundo o balaço financeiro do Corinthians, a dívida total é de R$ 2,4 bi
Já o terceiro pedido foi protocolado na última semana, por Paulo Roberto Bastos Pedro, integrante do Cori. Ele aponta, além do déficit de R$ 181,8 milhões e o aumento do endividamento, "infrações estatuárias e legais". Agora, a solicitação será analisada conforme o regimento interno do clube.