As elevadas temperaturas e a escassez de chuvas estão impactando severamente as lavouras de café no Brasil, intensificando as preocupações de produtores e especialistas. O clima é um dos principais fatores que influenciam o preço do café, pois afeta a safra do grão. Eventos climáticos extremos, como secas e tempestades, têm prejudicado a produtividade das lavouras.
O preço da bebida mais popular do Brasil tem pesado no bolso do consumidor. Em Uberaba, conforme o último levantamento de preços pela Fundação Municipal de Proteção ao Consumidor (Procon), realizado em fevereiro, o pacote de café 500g era comercializado entre R$19,29 e R$32,99.
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O cenário para os próximos meses ainda não é animador. De acordo com o economista Sérgio Martins, todas as projeções apontam para preços em estabilidade em níveis mais altos. Ainda segundo ele, a questão climática é um fator que influencia diretamente no valor da bebida.
“É o principal [fator], associado a outros fatores, como o aumento dos custos de produção e a comercialização negociada em dólar por ser uma commodity.
Tem também o aumento do consumo que pressiona a oferta menos vigorosa”, ressaltou Sérgio Martins.
Além do preço do café, o economista destacou que a inflação de alimentos é geral, mas na contramão existem alguns itens que tiveram redução no seu valor.
“A inflação de alimentos atinge alguns locais mais que outros. No Brasil, por exemplo, isso é um problema menor porque, da mesma forma que sobem alguns preços, outros têm redução. É que o nosso ‘olho’ está viciado em observar os preços que mais sobem. Veja no supermercado que há muitos itens que sofreram redução de preços. Outra questão positiva para nós é que somos um país que produz alimentos em proporções industriais e ainda exportamos”, destacou Martins.
Ainda sobre a inflação dos alimentos, Sérgio Martins enxerga uma luz no fim do túnel. Ele avalia que é possível reverter o quadro atual.
Para o economista, é importante a reestruturação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Vale lembrar que, em 2020, 27 unidades armazenadoras da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foram fechadas. O governo federal, na ocasião, alegou que se tratava de um programa de modernização. A proposta era que o governo não tivesse controle sobre oferta e demanda, deixando que as “leis do mercado” regulassem os preços. A Conab possui 64 Unidades Armazenadoras estrategicamente posicionadas pelo país. A capacidade estática total da empresa é de pouco mais de 1,6 milhões de toneladas.
“Para reconstruir e reestruturar, demora bastante. Esse organismo é importante demais para uma intervenção equilibrada do Estado na economia, fazendo regulação de preços onde há desequilíbrios”, avaliou Martins.