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Trem de ferro

No Facebook, deparei-me com uma pergunta: Quantos caminhões estão no trem?

Mário Salvador
Publicado em 19/11/2018 às 19:23Atualizado em 17/12/2022 às 15:38
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No Facebook, deparei-me com uma pergunta: “Quantos caminhões estão no trem?” A pergunta dizia respeito a um vídeo que exibia uma locomotiva transportando, sobre os trilhos da ferrovia, diversos tipos de caminhões carregados e até carretas. Por curiosidade, fui contand eram cinquenta caminhões. 

Quando, há algumas décadas, trabalhei em uma indústria, quase todos os dias precisávamos despachar alguma carga por ferrovias para cidades do Estado de Goiás e São Paulo. A CMTC (Companhia Mogiana de Transporte de Carga) buscava a carga na indústria, com seus caminhões. O motorista de um desses caminhões era o Toninho – aquele Toninho que formava com a esposa, Marieta, a famosa dupla de cantores, inicialmente, do rádio e, tempos depois, também da televisão.

Um dia, Toninho me informou que a Companhia Mogiana ia transportar caminhões carregados com cargas diversas, ao longo da ferrovia, de São Paulo para cidades do interior, incluindo Uberaba. Cada motorista de caminhão viajava dentro do seu próprio veículo, que seria levado sobre o trem.

E, realmente, logo começaram a chegar a Uberaba trens com caminhões lotados com cargas diversas. Por muitos anos, foram feitas muitas viagens e inúmeros caminhões foram transportados. A princípio, imaginei que aquela ideia tinha vindo para ficar, mas não foi bem assim, talvez por causa de rodovias asfaltadas que possibilitaram mais segurança e conforto aos motoristas. Além disso, as ferrovias costumam ser usadas no transporte de longa distância de grande quantidade de mercadorias de baixos valores.

Desde que essa prática deixou de existir, que eu me pergunto se não seria mais conveniente colocar o caminhão sobre um vagão, lá em São Paulo, para um percurso maior, do que fazê-lo rodar por rodovias, algumas nem sempre em bom estado. Seria uma conta a ser feita: o baixo custo do transporte ferroviário, sua grande capacidade de carga, e o lucro final das empresas, de um lado, e o custo do combustível e o desgaste de pneus dos caminhões, cansaço do motorista, pedágios e congestionamentos, do outro lado.

E não é fácil imaginar o escoamento da maravilhosa safra brasileira de grãos, todos os anos, com caminhões que, com as chuvas, precisam ser desatolados nas estradas não asfaltadas. 

Caminhões carregados que são transportados por vagões representam uma alternativa de baixo custo, baixo impacto ambiental e baixo risco de acidentes. Uma ideia que poderia voltar a vigorar no país, desde que sejam resolvidos, dentre outros, os problemas da malha ferroviária sucateada e insuficiente e da falta de integração das ferrovias.

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