Tirem o Cristo daí

A revista  Época, em sua última edição, traz uma foto de causar espanto. O presidente da Casa, Michel Temer e seus companheiros de mesa, sentados, tendo em frente vários integrantes da Câmara. Até aí nada de anormal.  Acontece que, logo acima do bando, pendurado na parede de fundo, uma cruz e, pregado nela a figura de Jesus de Nazaré.

Lá está o Cristo.  Fazendo o quê? Protegendo nossos representantes? Servindo de exemplo para quem?  Pelo amor de Deus, por razões de ética, por razões religiosas, sociais, culturais, por razões de sensatez, tirem aquela cruz de lá. O lugar dEle não é lá. Sua imagem naquela Casa tem conotação de blasfêmia, de sacrilégio. É uma afronta a todos os que creem nEle, uma afronta a tudo o que Ele ensinou e praticou.  Por favor, tirem o Cristo de lá. Por coerência, senhores representantes do povo, tirem de lá a imagem dAquele que nós, respeitosamente, chamamos de Nosso Senhor. Ele deve sentir-se mal pendurado naquela parede, testemunhando o que se passa naquele recinto, a imoralidade, o desrespeito, a corrupção generalizada. Tirem o Cristo de lá. É certo que Ele veio para nos dar a mão, para vivermos neste mundo respeitando uns aos outros. Veio por nós, pecadores, carregando nossos defeitos, nossas fraquezas, nossas infidelidades. Nós, cristãos, cremos que Ele esteja presente em nossas vidas com sua Palavra e seu exemplo de vida.  Sabemos também que Ele não veio para participar da insensatez, da decadência moral, da farsa, do roubo, da exploração do povo, do enriquecimento ilícito e imoral, protegido por leis que vocês mesmos criaram.  Por favor, tirem o Cristo daí. Ou, então, saiam vocês desse lugar. Deem lugar a outros que possam ser melhores do que vocês.  Por favor, saiam de perto dessa imagem. Sabemos que a imagem é uma representação. Nos faz lembrar de alguma coisa de muito concret o exemplo daquele homem que nos ensinou um Projeto de Vida. Ele nos ensinou a respeitar o espaço social do outro, a não meter a mão no que não é nosso, a servir nossos irmãos e não a nos servir deles. Ele nos ensinou o sentido de responsabilidade, de equilíbrio de comportamento, de compaixão pelos pobres e pelos que sofrem. Aí não é o lugar dEle.

Disse nosso “iluminado” Presidente, que a Câmara e o Senado não são um convento de freiras. Não são nem poderão ser. O que sabemos, é que são casas onde gente séria e honesta deveria trabalhar pelo bem do povo. O povo perdeu o respeito por vocês. Não posso ser injusto, sei que há alguns bons entre vocês (50? 100? 200? Não sei.) Mas, são minoria. Por que, vocês que ainda não se contaminaram, não se agrupam numa luta de faxina da Casa?  Por que não abrem a boca no mundo, expulsam daí o que está podre e não plantam um pouco de esperança dentro de nós? Os que não se corromperam são poucos, mas, com coragem, podem limpar a Casa.

(*) thprata@terra.com.br