Ouço um barulho na madrugada provocado por caixas de sons abertas a todo volume que tremiam o chão
Ouço um barulho na madrugada provocado por caixas de sons abertas a todo volume que tremiam o chão. Era um veículo parado próximo à minha janela, pilotado por alguém mal resolvido. Desses que nem a Patrulha do Silêncio animou ainda resolver. O dummmmm! Dummmmmm! Dummmmmm! Durou poucos minutos, mas o suficiente para fazer-me perder o sono. Quem o encontrou deve ter dormido muito bem. Depois de uma hora tentando dormir, liguei o meu rádio amigo que muitas vezes me leva de Silvânia/GO a Porto Alegre/RS. Tentei também ouvir o amigo Pedro Bérgame (Passarinho) na Rádio Nove de Julho/SP, mas era muito antes das cinco da manhã. No vácuo da sintonia captei um sinal de telégrafo e por curiosidade fiquei “corujando-o” quase outra hora. O toque repetido por centenas de vezes era esse: ..-.-.-... Vieram-me à recordação dois amigos; José Vieira do Nascimento e José Aluízio Magalhães telegrafistas dos correios e meu tio Wilson Sabino, então rádio-telegrafista de voo do presidente João Goulart. Cercados hoje de tanta tecnologia, nem nos lembramos do valiosíssimo Código Morse, mas a repetição daquele nítido sinal na madrugada e o meu saudosismo me autoriza dirigir aos entendidos no assunto, a pergunta: Vocês sabem o que quer dizer: ..-.-.-... ? Eu só sei que são as três letras: U, R, B. Uma aeronave perdida no espaço, um navio à deriva, um náufrago ilhado, um submarino encalhado nas profundezas do mar ou outra situação crítica semelhante, segundo o que me informei, estavam descartados porque aquele sinal sonoro não era de S.O.S, ou seja: ..- - -... Algo, entretanto me intrigou e com certeza vai ficar em mim para sempre. Por que o telegrafista, em pleno ano de 2010, insistiu tanto em sua mensagem que ouvi, se ele tem em mãos outros recursos moderníssimos?