Estamos nas proximidades da semana santa, em que a Igreja maternalmente nos faz recordar os sofrimentos, as humilhações, as injustiças por que o Senhor Jesus passou nos últimos dias de sua vida terrena.
Para os judeus a festa da Páscoa era a lembrança agradecida da passagem da escravidão do Egito para a prometida terra da liberdade. Não há para nós, cristãos, festa maior do que esta que é a passagem da morte do pecado para a filial amizade com Deus.
A Igreja nos prepara por quarenta dias para esta comemoração, finalizando este período com a alegria da vitória de Cristo sobre a morte. Por isto, cantamos repetidamente os aleluias alegres da ressurreição, por todo o tempo pascal.
Com esta vitória singular de Cristo, subverteram-se as velhas regras do poder. Não foi a violência a vencedora, mas a fraqueza dos humildes. Assim também o amor sobre a inimizade, a vida sobre a morte. Com a ressurreição de Jesus, o amor destruiu o ódio, a vingança perdeu da fraqueza. A última palavra não é mais a morte, mas a vida. Já não vivemos mais a tristeza da separação, mas a alegria do convívio.
Páscoa é pois passagem da escravidão do Egito para a liberdade, da morte do pecado para a vida da graça de filhos de Deus. Por isto, a Igreja canta, por cinquenta dias, os aleluias desta singular vitória da vida sobre a morte.
A semana santa, que se vai iniciar, é semana de recolhimento, de reflexão, de agradecimento pela infinita misericórdia divina que, não contente de apenas criar o homem para ser feliz, quis redimi-lo para lhe dar a riqueza da graça que nos traz a filiação divina e a recompensa futura no céu.
Nesta semana há três momentos fortes para nós, cristãos. Na quinta-feira, a instituição da Eucaristia, alimento de nossa peregrinação. Na sexta-feira, comemoramos a morte redentora de Cristo na cruz, cruz que se tornou sinal do sofrimento redentor da humanidade, e objeto de glória para os que vivem de sua fé. Na noite do sábado a luz do círio pascal clareia nossos corações, anunciando a vitória de Cristo sobre a morte. Ouve-se então, o aleluia, que por cinquenta dias vai exprimir as alegrias de nossa fé que não é sentimento transitório, mas certeza inabalável na redenção de Cristo.
(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro