Quem sou eu? Quem está comigo? A pergunta a respeito da natureza humana é essencial
Quem sou eu?
Quem está comigo?
A pergunta a respeito da natureza humana é essencial para a convivência entre as pessoas. A resposta a essa pergunta está ligada diretamente ao modo como se compreende os outros em relação a si mesmo. E cada resposta a essas perguntas traz em si uma série de problemas internos que provocam e despertam novas questões.
Se existe uma “natureza humana”, então deve haver um conjunto de valores que ultrapassa as barreiras culturais e, portanto, é universal. A ideia de “natureza humana” coloca a espécie acima da cultura e das relações sociais de produção na qual essa cultura existe. Decifrar essa “natureza humana” seria encontrar alguns valores absolutos, isto é, que não variam nem conforme o tempo nem conforme o lugar. Por baixo das diferenças culturais e econômicas haveria elementos invariáveis, comuns a toda a humanidade e que, portanto, fariam parte de uma “natureza humana” independente de todos os outros fatores. Em última análise, todos os seres humanos dividiriam algo em comum, sua “humanidade”, composta de elementos universais.
Entender a humanidade é celebrar a diversidade e as diferenças.
As duas concepções têm vantagens e riscos no que diz respeito à convivência entre pessoas e povos.
A pergunta pela natureza humana não é apenas de natureza filosófica, mas também social e política.
Intrigante é concluir que, levadas a extremos, qualquer uma das concepções pode ser usada para justificar a violência, a dominação e mesmo a destruição do outro.
Considerar que as diferentes aplicações de uma regra colocam em xeque a validade dessa regra é um erro. O que torna uma regra válida é a possibilidade de sua aplicação particular.
A noção de “pessoa” não é a única usada para definir o ser humano. Ela concorre, no cotidiano, com várias outras, carregadas de sentidos que levam a outras interpretações do que é ser alguém. As conversas no cotidiano, bem como os termos oficiais e as definições usadas na escola, no trabalho, no banco, no comércio, na internet, na sociedade, na política, mostram que “ser alguém” é apenas uma das condições do indivíduo, dependendo do lugar.
A noção de pessoa, tal como a conhecemos hoje, é uma categoria relativamente recente na história ocidental. Perguntas como “Quem sou eu?”, “Quem é você?”, feitas pelo ser humano, no entanto, começaram a surgir ainda no início da Filosofia. Perguntar o que é ser uma pessoa é examinar uma questão que tem suas origens na Grécia Antiga.
Mas quem é você? Você sabe? Você se conhece?
Conhecer-se... eis a questão!
(*) Psicóloga clínica