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Quem é você - II

Quem é você? Você é uma série de números, senhas e registros em bancos de dados

Sandra de Souza Batista Abud
Publicado em 05/05/2011 às 22:18Atualizado em 20/12/2022 às 00:28
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Quem é você?

Você é uma série de números, senhas e registros em bancos de dados. Você é alguém que pode ser codificado, conectado, plugado, mapeado, digitalizado, tuitado, blogado, perfilado...

Você é uma pessoa?

Na Idade Média, a pergunta pelo ser humano não se perdeu nem se resumiu a considerá-lo uma imagem e semelhança de Deus, mas a pensá-lo como parte de um projeto cosmo-teológico que colocava o ser humano como pivô de forças cósmicas em combate.

O conceito de pessoa que a Revolução Francesa traz décadas mais tarde é de "cidadão". Não é mais o "súdito" de alguém, mas a pessoa que mora na cidade, autônoma, livre. A igualdade entre os homens significava o mesmo potencial de liberdade para todos - não fazia sentido considerar o outro como igual e tratá-lo como inferior ou superior. A liberdade implicava a igualdade. E, ao acrescentarem a "fraternidade" a esses dois elementos, já se supunha uma regra prática para a vida moral: seres livres, iguais e racionais só poderiam escolher, como princípio de vida, a fraternidade.

A moderna noção de pessoa, de certa maneira, começa no Iluminismo, a partir do momento em que se pensa o ser humano como racional, livre e responsável por suas ações. É a chegada do ser humano à sua maioridade, o que significa a liberdade de decisão por si mesmo e, em contrapartida, a liberdade de suas ações, o que, imediatamente, gera implicações éticas. Aqui, uma condição fundamental para a vida comum é considerar as pessoas como fins em si, não como meios. Se todos os seres humanos são iguais, deve-se tratar a todos da mesma forma.

Você é livre para fazer escolhas?

O ser humano tem liberdade de ação, isto é, a perspectiva de que a pessoa pode escolher livremente o que faz, sendo, portanto, responsável por suas escolhas. As condições sociais, econômicas ou genéticas de alguém podem certamente impor algumas circunstâncias, mas cabe ao ser humano, livre e racionalmente, escolher suas ações e mesmo alterar essas condições de acordo com sua própria vontade.

Como você se define?

Definir-se como alguém significa, muitas vezes, fazer escolhas. E é a partir dessas escolhas que definimos, diante de inúmeros "eus" possíveis, qual será o "eu" existente no instante seguinte. As decisões tomadas, mesmo quando aparentemente insignificantes, mostram quais são os valores que orientam minha escolha.                                                        

(*) Psicóloga clínica [email protected]

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