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Povo - a grande cobaia

O povo tem sido usado como a cobaia preferida para experimentos econômicos e financeiros do poder. Ainda que pareça incrível, em tempos de intensa informação

Mário Salvador
Publicado em 24/11/2009 às 20:29Atualizado em 17/12/2022 às 05:36
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O povo tem sido usado como a cobaia preferida para experimentos econômicos e financeiros do poder.

Ainda que pareça incrível, em tempos de intensa informação é possível afirmar que muitos brasileiros não têm ciência de que foram espoliados num superfaturamento da conta de energia elétrica. Um cálculo feito de grosso modo chegou ao fabuloso número de sete bilhões de reais tirados do bolso dos contribuintes. E dificilmente esse valor lhes será devolvido.

Outro fato que vem testar a paciência do povo diz respeito à aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) beneficiando devedores de precatórios: Municípios, Estados e União. As dívidas com os precatórios (assumidas por essas três pessoas jurídicas) batem na casa de bilhões de reais. Pagamentos, como o do valor da desapropriação de um imóvel, são protelados ao extremo, não sendo raros os casos de credores que faleceram sem receber o que era deles por direito.

Mandatários políticos aprovaram, também, sem a menor cerimônia, a realização de um leilão. Receberá seu crédito aquele que oferecer o maior desconto ao devedor, seja ele Município, Estado ou União. A velha história do “devo, não nego; pago quando puder” transformou-se em “devo, não nego; pago se tiver um bom desconto”. Calote em cima de outro calote.

Não podemos nos esquecer ainda dos bilhões da remuneração das cadernetas de poupança que não foram pagos aos depositantes em razão de vários planos financeiros. O Governo, por suas autoridades financeiras (Banco Central e Ministério da Fazenda), já deu mostras de que defenderá o direito dos Bancos, pois tal pagamento os levaria à falência. O povo que fique falido, pois os bancos é que são os pilares da economia do país.

Também têm gerado desconforto os empréstimos bancários feitos com base na folha de pagamento. O que parecia ser uma oferta especial, pois o empréstimo consignado dispensa avalistas, mostrou-se, na prática, um enorme problema. Felizmente, muitos souberam controlar suas contas. O limite deste empréstimo fixado em trinta por cento do valor da aposentadoria evitou mal maior.

Escapa-nos ao entendimento, ainda, a questão do reajuste da aposentadoria. O governo afirma que não pode dar um reajuste maior, pois os cofres do INSS não suportariam mais essa carga. Então, cabe aos aposentados suportar as garfadas no bolso que o governo lhes impõe.

Enfim, o povo, que vem suportando toda espécie de sangria, é a grande cobaia do governo. Até quando a massa suportará esses abusos?

(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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