Cruzeiro e Atlético fazem hoje, no Mineirão, o último jogo do Campeonato Mineiro de 2009. O título está decidido, disso ninguém duvida; a partida serve apenas para cumprir a tabela e para os cruzeirenses comemorarem mais um título da competição, que o seu próprio presidente gosta de chamar de ruralão. Ele exagera quando compara os times, principalmente os do interior, a simples equipes rurais, mas tem lá suas razões quando menospreza os adversários, chamando-os de muitos fracos. Com o poderio econômico, que a cada dia que passa torna a vala que separa os grandes clubes dos pequenos mais larga, o dirigente máximo do Cruzeiro sabe que o risco que corre de ser desmentido é quase insignificante. O Campeonato Mineiro há muitos anos é competição de apenas dois times. E pior ainda, está caminhando para ser dentro de pouco tempo, de um apenas. O Atlético pode até vencer o jogo de hoje. Repetindo assim tudo o que aconteceu no ano passado. Entretanto, será apenas uma vitória casual, que servirá para fazer a sua grandiosa e apaixonada torcida continuar acreditando que os cinco a zero de domingo passado, assim como os cinco a zero de 2008, não servem para provar que a diferença financeira e técnica entre os dois tradicionais rivais não existe. Alguém pode até argumentar: mas como se pode dizer que o Campeonato Mineiro é competição de apenas dois clubes com chances de disputar a final, se recentemente Ipatinga e Caldense foram campeões estaduais? O título da Caldense foi de um campeonato que não contou com as participações dos grandes. Portanto, foi muito mais uma competição do interior do que um estadual. O Ipatinga só se transformou em um time de porte razoável porque se associou ao Cruzeiro, que resolveu lhe dar uma oportunidade de fazer o nome. Tornou se um Cruzeiro B. Hoje qualquer time B ou C do Cruzeiro pode decidir o título com o Cruzeiro A, com chances de ser campeão. Não há o que discutir: enquanto não acontecer uma grande transformação de mentalidade na Federação Mineira de Futebol e nos clubes do interior, a diferença entre Cruzeiro e Atlético e entre os dois e os outros times de Minas continuará aumentando, se bem que no segundo caso em passos cada vez mais largos. A incompetência da Federação Mineira é tamanha, que ela é hoje conhecida como uma das mais fracas do país. A cada ano que passa seus clubes, com exceção do Cruzeiro, só dão vexames nas competições nacionais. O América está desaparecendo e não é levado a sério por ninguém. O Ipatinga, sem o apoio do Cruzeiro, está pagando o mico de disputar duas competições de segunda divisão no mesmo ano. O Atlético já caiu para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, uma vez vem passando novos sufocos e está mais próximo de um novo rebaixamento, do que de disputar uma posição entre os melhores do país. Os dirigentes da FMF fazem de conta que não têm nada a ver com isso. Mantêm competições desorganizadas, permitem que resultados sejam construídos das mais diferentes maneiras, deixam clubes de grandes cidades e com potencialidades desaparecerem ou viverem crises crônicas, além de ser obrigada a guardar dinheiro na gaveta, porque se colocar no banco os credores levam. Que vergonha! Organizar boas competições e procurar fortalecer os clubes, em especial os do interior, é obrigação daqueles que se propõem dirigir o futebol mineiro. Eles, no entanto, ou são cegos para o futebol ou se fazem de cegos. A prova é a resposta dos torcedores. Raros são os jogos com grandes públicos. No interior são raras as cidades onde as torcidas ainda prestigiam os clubes locais. Uberaba, Uberlândia e Ituiutaba aqui no Triângulo Mineiro, Tupi e Democrata de Valadares são as exceções. O Ipatinga, que muitos acham que é poderoso é o terceiro time dos ipatinguenses. Lá Cruzeiro e Atlético tem mais torcida que o time da casa. Ora, então porque não fortalecer mais clubes? Valorizando-os, colaborando, fazendo força para que eles também tenham acesso há bons patrocinadores e impedindo que arbitragens tendenciosas os prejudiquem, como temos visto em muitas oportunidades. Há poucos dias o presidente da FMF esteve com o governo do estado. Foi pedir verbas para os clubes do futebol amador da Capital e nada para os interioranos, principalmente aqueles que estão mais distantes de sua sede. O mínimo que a FMF deveria fazer é impedir que Atlético e Cruzeiro obriguem os clubes do interior a disputar um campeonato da maneira que só a eles interessa. Já que a Federação Mineira de Futebol, com a incompetência da maioria dos seus dirigentes, não consegue promover um campeonato mais inteligente e justo, deveria copiar o que faz a Federação Paulista, que quando define os finalistas do seu principal campeonato, promove a disputa do título do interior entre aqueles que chegaram às primeiras colocações. Pelo menos quatro equipes menores continuam motivando suas torcidas. ARBITRAGEM MINEIRA Sei que a arbitragem mineira é hoje uma das piores do país, mas sei também que aqui no nosso estado existem bons árbitros, ou pelo menos algumas boas promessas, que deveriam merecer o apoio da federação. Ela, no entanto, não tem autoridade para impedir que Atlético e Cruzeiro desmoralizem todos os seus árbitros, acusando-os de forma generalizada de desonestos e incompetentes e exigindo a vinda de árbitros de outros estados para apitar os jogos que eles consideram mais importantes. Ora, se em Minas Gerais não tem árbitros com qualidades para dirigir os jogos mais importantes para a dupla da capital, que a Federação acabe com seu departamento e busque arbitragem para todos os jogos do campeonato. Árbitro incompetente pode apitar todos os jogos dos times pequenos, dos grandes não? Isto é ridículo! A FMF deveria ter autoridade e prestigiar os poucos bons árbitros que tem. Eliminar os ruins e promover novos, dando a eles apoio e credibilidade, além de obrigar Cruzeiro e Atlético a disputar todos os jogos do Campeonato Mineiro com sua arbitragem. HORA DA TORCIDA Apesar de toda a força do dinheiro no futebol, alguns clubes têm ainda em suas torcidas, as suas maiores forças. Corinthians, Flamengo, Internacional, Sport Recife e até mesmo o Atlético Mineiro são bons exemplos disso. Sobrevivem a todos os tipos de crise, porque são sempre apoiados por seus torcedores. A FORÇA DO UBERABA SPORT CLUB É A SOMA DA FORÇA DE SEUS TORCEDORES. Está na hora da torcida fazer a sua parte e demonstrar sua grandeza. BOM DOMINGO A TODOS