Acabei de ler o livro “Peregrino”, escrito pelo americano Mark K. Shriver
Acabei de ler o livro “Peregrino”, escrito pelo americano Mark K. Shriver. Nos Estados Unidos tornou-se best-seller. É um livro minucioso sobre vida do Papa Francisco. Foi traduzido para o Português e aqui também está entre os melhores recentemente publicados. O autor, afastado da Igreja, voltou à Fé depois de seu contato com o atual Papa. O livro nos faz lembrar de João XXIII, responsável pelo Concílio Vaticano II. Ao convocar o Concílio, declarou, para espanto de muita gente, que “é preciso abrir as janelas da Igreja para entrar um ar mais puro”. Luiz Gonzaga Belluzzo escreveu o seguinte: “Tal como nos personagens de Satyricon, percebo nos católicos de hoje a nostalgia do Cristo que não voltou, mas, creia-me leitor, Ele já esteve entre nós encarnado na sabedoria e na simplicidade do camponês João XXIII e parece ter retornado no reformismo de Francisco”. Estou trazendo ao meu provável leitor algumas declarações deste Papa Francisco num de seus discursos na América Latina. “Precisamos de uma mudança radical em toda a humanidade porque seu sistema global impôs a lógica do lucro a todo custo, sem pensar na exclusão social nem da destruição da natureza... Uma mudança real. Mudança de estruturas. Não quero alongar-me na descrição dos efeitos malignos dessa ditadura sutil.” Não tenho espaço para citar outras afirmações do Papa. Na medida em que fui lendo, pensava na situação aqui do Brasil. A situação econômica do país nos assusta. Milhões de brasileiros estão desempregados, enquanto nossos ministros, tranquilamente, aumentam seus rendimentos mensais sem dar satisfação a ninguém. O povo que se vire. Enquanto os salários de nossos representantes políticos vão às nuvens, as aposentadorias de nossos trabalhadores despencam morro abaixo, justamente quando mais necessitam de ajuda. As eleições se aproximam. Nossos candidatos falam em mudanças profundas nas estruturas. Afinal, a pergunta dolorosa: em quem votar? Como acreditar no que falam com tanta certeza? Como afirmou um deles, “o povo é apenas um detalhe”. Votar, hoje, é uma angústia.