Nunca se falou tanto em crise. Crise no setor financeiro, crise no Judiciário, no Legislativo, no Executivo, crise na família, crise na educação, crise nas relações internacionais
Nunca se falou tanto em crise. Crise no setor financeiro, crise no Judiciário, no Legislativo, no Executivo, crise na família, crise na educação, crise nas relações internacionais, crise na Igreja. Como inserido numa comunidade civil, entristeço-me com as notícias de todos os dias. Mas, estou inserido também numa comunidade religiosa. Doe-me muito mais o que vem acontecendo dentro da Igreja, de minha Igreja. O papa João XXIII deixou bem claro numa de suas declarações: “A Igreja é santa e pecadora”. Santa porque traz aos homens um Projeto de Vida do Pai revelado por Jesus Cristo. Um Caminho, um projeto de salvação. Pecadora porque é uma instituição humana. São homens que a governam, são homens que estabelecem as leis que a dirigem. São homens que criam as normas disciplinares que regulam seu dia a dia. Através da História foi dirigida por papas verdadeiramente santos. Por outro lado, foi muitas vezes dirigida por papas corruptos, por homens obcecados pelo poder, pelas riquezas, pelas tentações políticas e carnais. É santa, mas carrega em suas costas as cicatrizes do pecado. Se não me engano, a afirmação é do Cardeal Richelieu: “Se a Igreja não fosse divina, os papas, os bispos e os padres já teríamos acabado com ela”.
Gostaríamos que os padres fossem todos exemplos de vida e que nos entregássemos de corpo e alma ao serviço de Deus. Gostaríamos que nossas preocupações não fossem com roupagens diferentes, com missas-show, com casas suntuosas, com títulos antiquados e sem sentido. Gostaríamos que os cristãos católicos (que também são Igreja) fossem realmente cristãos comprometidos com o Reino de Deus e não apenas católicos de estatísticas. Mas, acontece que não somos anjos. Somos seres humanos frágeis, agredidos por instintos agressivos e selvagens. Jesus falou nisso quando contou a parábola do joio (praga) e do trigo. O joio e o trigo são plantas parecidas, crescem misturadas, quase impossível distingui-las. Querer uma Igreja sem erros, sem pecados é uma utopia. A Igreja não é uma abstração. São ministros e leigos feitos do mesmo barro. A Igreja, no correr da história, já cometeu erros insuperáveis. Creio que não é preciso enumerá-los. Mas, por outro lado, já produziu santos extraordinários que marcaram seu tempo. Leigos, padres, bispos e papas. Creio também que não é preciso enumerá-los. Ao lado dos abutres voam as andorinhas. No mesmo céu. No mesmo espaço.
Há pessoas que adoram publicar e comentar erros de padres e bispos.
Qual a causa dessa preocupação mórbida? Não sei. O que realmente sei é que todos nós deveríamos ser mais santos, mais competentes.