Na História da Igreja houve papas ruins, papas toleráveis e papas excelentes. Santos, no sentido
Na História da Igreja houve papas ruins, papas toleráveis e papas excelentes. Santos, no sentido em que traduziram em suas vidas e em seu governo as exigências do Projeto do Pai, o Reino de Deus. No livro de Gamon Duffy, “Santos e Pecadores”, podemos ler a vida de todos eles, seus erros, seus pecados e, por outro lado, as virtudes, a santidade da maioria deles. Não é de assustar, os homens são frágeis e sujeitos a erros e desvios. Seria um milagre se todos fossem puros e honestos. Na prisão de Jesus, houve apóstolos que fugiram, houve mesmo os que declararam não conhecer “aquele homem”. Por falar em “papas santos” eu me lembro de João XXIII. Fui muito marcado por ele. Convocou um Concílio Geral (Vaticano II) afirmando que havia necessidade de reformas na Igreja, que era preciso “abrir suas janelas para entrar um ar mais puro”. Certa vez, numa entrevista, um jornalista, vendo toda aquela gente de batina, andando de um lado para outro, perguntou ao Papa: “Toda essa gente trabalha aqui?”. Resposta do Papa: “Só a metade”.
O Papa atual, Francisco, me agrada muito. É um santo homem de Deus. Simples, sem pompas, sem luxo, amigo dos pobres, sem discriminação religiosa, de fala direta e paternal. Em sua recente visita à América Latina, fez declarações corajosas. Defendeu a Amazônia que está sendo destruída por invasores. Defendeu os indígenas explorados pelos poderosos. Pediu perdão pelo comportamento anormal e pecaminoso de alguns padres. Sua mensagem foi dura e corajosa: “Não posso deixar de manifestar a dor e a vergonha ante o dano irreparável causado a menores por parte de alguns representantes da Igreja.” Não fez ainda reformas mais profundas na disciplina, na doutrina, nos costumes, nas orações porque ainda não teve o apoio necessário daqueles que o rodeiam. O grupo reacionário na Igreja ainda é muito poderoso. É preciso orar pelo Papa para que ele continue reabrindo as janelas da Igreja. Ele precisa de nossas orações para que o Espírito Santo de Deus o ilumine e fortaleça. Uma de suas últimas declarações me encheu de esperança: “Há corrupção no Vaticano, mas estou em paz”.
O Papa Francisco tem valorizado muito o papel dos leigos na Igreja. Eles são mais do que crentes passivos que apenas ouvem o que lhes dizem “Os leigos não são nossos servos nem nossos empregados.” O clericalismo, longe de dar impulso às diferentes contribuições e propostas, apaga pouco a pouco o fogo profético do qual a Igreja inteira está chamada a dar testemunho no coração de seu povo.