“Não quero que meu filho passe pelo que eu passei; vou dar a ele uma vida diferente e melhor do que a minha”. Eis a frase que nós, pais
“Não quero que meu filho passe pelo que eu passei; vou dar a ele uma vida diferente e melhor do que a minha”. Eis a frase que nós, pais, falamos, porém, ao exercê-la, costumamos cometer graves excessos. Só há uma via pela qual esse sonho paternal pode passar sem ser pernicios a do esforço para que o filho ou a filha possam trilhar o seu caminho, buscando alcançar as próprias conquistas. A gratidão aos pais tem suas sementes aí.
Nesse turbilhão de opções e, até diria, de tentações que se apresentam ao jovem para lhe desviar do rumo, vemos a “lei do menor esforço”, mostrando-lhe a constante folgança. Ocorre, então, o nosso erro ao nos esquecermos de dar o que fazer ao filho, ou seja, o trabalho. A situação se agrava quando passa da hora e a criança de ontem não quer mais conhecer o lado sério da vida. Criou-se a imagem do homem tirano para o pai, que leva o filho a saber, desde cedo, de onde vem o seu sustento. Por detrás desse rótulo modernista está o estrago irreparável que se faz no homem de amanhã. Você, leitor(a), conhece muitas histórias reais.
Tenho um amigo que prepara o filho para substituí-lo nos negócios na próxima década. É uma criança de fato, mas já se revela maduro para a sua idade. Está errado aquele pai? Os que vivem o hoje respondem sim, mas a realidade diz que não. Todo jovem traz consigo a inata pureza, todavia, a maldade o assedia para pervertê-lo. Já disse o filósofo que “Mente vazia é oficina do diabo”. Os moços empenhados, via de regra, seguem o bom caminho e os avessos à atividade estão a um passo do desvio. Pais perdem até a vida nas mãos desses últimos! Ou não?
Ao ver recentemente certo senhor destratando um menor em serviço na área azul, fiz minha intervenção, argumentando que ali estava quem ocupará o nosso lugar num futuro próximo. Portanto, tratar bem aquele agente uniformizado era o mesmo que afagar a um filho. Com base neste raciocínio é fácil ver que alguém, em algum lugar, vai afagar o nosso filho e um dos melhores afagos é dar-lhe a oportunidade de trabalho.
Nenhum ser que começou cedo na luta se arrepende ou culpa alguém por isso. Seus pais não erraram. Aliás, o trabalho propriamente dito, em tempo algum, causou lesões a alguém; tanto que ele nunca foi causa mortis. O nosso erro é imaginarmos ao contrário, principalmente em relação aos nossos filhos. Atividades sadias neles!
(*) presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiroa