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Novamente a Paz

Sempre ouvimos dizer que a idade traz a sabedoria. Nem sempre. Há idosos insuportáveis. Chatos e ranzinzas. São exceções. Sabedoria é coisa...

Padre Prata
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 20/12/2022 às 13:51
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Sempre ouvimos dizer que a idade traz a sabedoria. Nem sempre. Há idosos insuportáveis. Chatos e ranzinzas. São exceções. Sabedoria é coisa que se conquista. Não vem de graça. É conquistada na medida em que criamos dentro de nós um clima de paz. De equilíbrio. De falar no momento exato. De saber calar-se.

Saint-Exupéry revela nosso interior de maneira poética e profunda: “Em cada um de nós há um segredo, uma paisagem interior com planícies invioláveis, vales de silêncio e paraísos secretos.” Esse mundo interior de paz é uma conquista. Ele se revela com muito esforço e renúncia. Só vivemos em paz quando o descobrimos.

Às vezes tardiamente, mas sempre nossa visão se transforma. Passamos a ver as coisas de maneira diferente. Passamos a entender por que Jesus insistia nisso, nesse mundo de planícies invioláveis. Não se trata de nada legal, social, jurídico. É uma descoberta. Há pouco tempo, um leitor disse-me que gosta de minhas crônicas. Só não gosta quando “prego o catecismo”. Acontece que falar das coisas de Deus não é fazer catequese. O problema é acreditar. É viver. É andar no “caminho”. Desculpem-me os teólogos “ortodoxos” quando afirmam que Jesus veio ao mundo para apagar nosso pecado. Qual pecado? A presença de Jesus entre nós é muito mais do que isso. Ele não veio exclusivamente para expiar, veio principalmente para ensinar o caminho para não pecar. Para ensinar-nos a construir um mundo interior de paz e de amor. De que me vale cumprir leis se não tenho amor? É por isso que achei oportuna a escolha do tema da Campanha da Fraternidade deste an “A Paz é fruto da Justiça”. Não se trata aqui de justiça no sentido legalista. O sentido é bíblico. A Bíblia chama de “justo” aquele que anda no caminho. “Eu sou o Caminho”. Quem se compromete com o Projeto do Pai revelado por Jesus, esse é o justo, o promotor da paz. Não sei se meu leitor acredita nisso. O certo é que ele tem nas mãos um instrumento valiosíssimo para criar um ambiente de paz entre aqueles que o conhecem. Como deixar de falar daquilo que gente ama? A teologia está na cabeça, mas o amor está no coração. Se não tenho Fé não é porque não aceito certas coisas, mas porque não amo. O eixo é diferente. Santo Agostinho escreveu o seguinte: “Muitos pensam que estão na Igreja e não estão; muitos pensam que não estão e estão”. Se for heresia, corre por conta do Santo.

Se pensarmos bem, não somos justos. Vivemos nos queixando da vida. Não sabemos fazer uma autocrítica. Somos benignos quando julgamos a nós mesmos. Projetamos nos outros os nossos defeitos. O tema da Campanha da Fraternidade é um tema para excelente para uma análise de nós mesmos. A começar de mim.

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