A linguagem de nosso povo, em geral, é descuidada e até se expressa com muitos erros gramaticais. Mas não é só das pessoas menos estudadas
A linguagem de nosso povo, em geral, é descuidada e até se expressa com muitos erros gramaticais. Mas não é só das pessoas menos estudadas que notamos os erros e descuidos. Tenho tido a preocupação de, mesmo de pessoas tidas como cultas, examinar os escritos e perceber como não se sabe escrever corretamente a língua portuguesa.
Quando recebo os jornais do dia e percorro com o olhar os artigos ou os textos dos próprios jornalistas, vejo que falta amor à nossa própria língua.
No Seminário de Pirapora, onde os professores eram, naquela época, quase todos belgas, se acontecia de um aluno errar no uso de nossa língua, eles nos repreendiam dizend “Você não ama sua própria língua?”
Até em periódicos de vasta circulação venho notando, entre outros enganos, o desconfortável erro de colocação dos pronomes. Comumente se lê, quando há um verbo no futuro ou – como se denominava antes – no condicional, o pronome posposto ao verbo, como “poderia me dizer” ou “poderei te atender hoje”. Dói nos ouvidos o descuido às leis gramaticais.
Passando da gramática para a dignidade do que se fala em público ou se escreve, é de horrorizar até as pedras a linguagem inconveniente de pessoas constituídas em altos postos e que usam expressões grosseiras e censuráveis que os próprios jornalistas têm o pudor de publicar colocando às vezes apenas a letra inicial do termo impróprio. Não é simples questão de pudicícia. Não. É questão de educação e verecúndia.
Sou fervoroso entusiasta de nossa bela e rica língua portuguesa. Por isto que me entristecem os descuidos e os maltratos que contra ela – ou por ignorância ou por descuido – se cometem frequentemente.
Quanto à dignidade de nossa linguagem popular, creio que deveríamos lutar pela nobreza e educação de nossas expressões, não por granfinismo, mas por consciente valor de nossa formação e por amor à beleza de nosso idioma. Nossa linguagem revela os valores que guardamos no coração.
(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro