No último dia de seu mandato presidencial, Lula teve inoportuno gesto de misericórdia
No último dia de seu mandato presidencial, Lula teve inoportuno gesto de misericórdia em favor de um criminoso italiano, concedendo-lhe permissão de permanecer no Brasil. É ele o condenado italiano Cesare Battisti.
Os entendidos em literatura ensinam que o soneto clássico deve terminar com um pensamento alto e nobre, que seja de fato como uma “chave de ouro”. Assim Camões após falar do amor, fecha a poesia com os versos: “É tanto mais o amor, depois que amais, quanto são mais as causas de ser menos”. O Presidente Lula, como todos sabem, minutos antes do fim do seu mandato, decretou a concessão de asilo político ao criminoso – Cesare Battisti – condenado a prisão perpétua em seu país, a Itália. Motivo da condenação – além de outros crimes – foi o crime de quatro assassinatos. A “chave de ouro” do governo Lula foi conceder ao criminoso viver no Brasil. Que chave!
O Supremo Tribunal evidentemente deve opinar que o criminoso Battisti deva ser extraditado, conforme pedido da justiça italiana e o tratado que o Brasil tem com a Itália. É o que se espera.
Asilo político deve ser concedido a pessoas injustamente perseguidas por sistemas ditatoriais, que outros países acolhem por um dever humanitário. Quando se trata de um criminoso, que o Tribunal do seu país condenou, não parece justificável a benignidade de outro país, que neste caso faz um julgamento favorável como que absolvendo o réu. Além disto, usurpa o cargo de juiz supremo do outro país.
No caso atual, não há por parte do país do réu, nada que justifique um gesto brasileiro de benignidade a favor de alguém condenado por quatro assassinatos num país democrático.
A decisão inoportuna de Lula de conceder asilo ao criminoso, no pôr-do-sol de seu governo, além de criar um mal-estar diplomático com a Itália, é oposta a outra decisão dele mesmo, de Lula, que se recusou a dar asilo a dois ou três cubanos, que, há algum tempo atrás, pediram ao Presidente que lhes desse asilo político, pois não queriam voltar à sua pátria e o presidente não aceitou. Duas medidas opostas.
A Folha de São Paulo noticiou dia 8 pp que o Ministro Cezar Peluso do Supremo Tribunal Federal deixou claro que Battisti deve ficar preso até que os Ministros possam, ao voltar em fevereiro, reunir-se para uma última palavra. Se eles decidirem, como membros do Tribunal de Justiça, que o criminoso deva ser devolvido à Itália, a justiça será restabelecida, isto é: o criminoso já julgado pela justiça italiana, voltará para cumprir a pena na sua terra. E o Brasil se libertará deste grande problema que Lula deixou como “chave de ouro” de seu governo. Chave de ouro às avessas...
O Brasil é terra acolhedora. Mas não o pode ser para receber gente condenada pelos tribunais de outros países por crimes lá praticados. Neste caso de uma pessoa já julgada e condenada por quatro homicídios, é inconveniente acolher como se fosse um bem-aventurado cidadão. Não convém.
(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro