Matrimônio: encontro de duas pessoas

Dias atrás, num supermercado, encontrei-me com um casal. Deram-me um abraço afetuoso acompanhado de uma pergunta: “O senhor ainda se lembra de nós? Há 29 anos o senhor fez o nosso casamento. Somos felizes até hoje”. Fiquei comovido.

Claro que não me lembrava, mas a alegria dos dois me fez refletir: eram felizes, lembravam com saudades daquele dia. Para eles, casamento era um encontro definitivo de duas pessoas que se amavam ainda. Trazia um sentido de vida nova, como se fosse cada dia um novo encontro. Neste sentido compreende-se a afirmação do poeta inglês William Cartwright: “Nossa vida pode ser considerada a partir desse instante: quando tu me amaste e eu te amei nós dois nascemos uma vez mais”.

Compreende-se, então, por que a Igreja valoriza tanto essa opção fundamental de vida. Justamente porque é um encontro de pessoas. Encontro é sinal. Apenas pessoas que se amam se encontram. Muitos, sempre muitos, se defrontam, mas poucos se encontram. Encontro supõe amor. Supõe mistérios longamente esperados. Ora, só se espera quem se ama. Por isso, os antigos chamavam Deus de “O Esperado”. É ELE o ser esperado por excelência. O amor aqui se personaliza. ELE é o amor. Para o cristão o amor é símbolo de Deus.

Numa perspectiva cristã, esse encontro de duas pessoas que se amam é sinal de Deus. É um Sacramento. Tão sério que se realiza num clima de Deus. Fora disso é apenas um ato social. Aqueles que realmente se casam estão com os pés plantados no mundo e com as mãos mergulhadas na eternidade.

Aquilo que é impropriamente chamado de “casamento na Igreja” só é válido para quem tem Fé. Por isso se vê que a Fé está na proporção inversa das exterioridades, de pompas, de passarelas, de gosto de coisas mundanas e ostentação de riquezas.