ARTICULISTAS

Instabilidade interior do ser humano

O ser humano se assemelha à natureza

Terezinha Hueb de Menezes
Publicado em 02/06/2013 às 12:46Atualizado em 19/12/2022 às 12:43
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O ser humano se assemelha à natureza por sua instabilidade.

Amanhece o dia, o sol, esbanjando fulgor e claridade, ilumina campos e prados, cidades e vilas. Igual a ele, há dias em que o coração humano exulta de alegria quase inexplicável: uma pequena conquista, uma rosa que, ao desabrochar, inebria a alma, o amor, o sorriso da criança, na transparência de sua ingenuidade, o abraço da mãe, do filho, do amigo. São motivos calcados nos pequenos gestos e acontecimentos do dia a dia, nada grandiloquente, mas a alegria despertada na simplicidade, de forma espontânea.

Há dias em que, de repente, o sol dá lugar a pesadas nuvens, o céu parecendo querer desabar sobre a terra e as criaturas, e dentro do ser humano, lá no fundinho da alma, também as lágrimas parecem querer jorrar dos olhos e do olhar, da expressão agora fechada como a natureza. Ser humano e natureza parecem, interiormente, confabular e se solidarizar com as tristezas que emanam de si.

Há dias em que, mesmo com o sol brilhando lá fora, a claridade não brilha na alma humana: ao contrário, em seu interior, é a tempestade que se anuncia, como se não existisse sol, nem brilho. É uma das contradições da vida. Nesses momentos, é preciso regar a semente da esperança, para que ela desabroche de novo novas alegrias e novas esperanças.

Há dias em que, mesmo com o frio outonal ou do inverno, mesmo com pesadas nuvens amedrontando a terra, o coração, ignorando escuros e medos, e tempestades e abismos, sorri, fazendo brotar um sol interior que o ilumina e aos que estão perto, transformando-os, porque já transformados, em outras luzes de aqueciment é o amor presente, ainda que distante, é a ciranda da família e dos amigos, é o entrecruzar-se de esperanças e apelos, de conquistas e vitórias, no doar-se, auxiliando o outro em suas carências existenciais ou materiais e, no doar-se receber, em troca, a doação do afeto, da gratidão, do amparo em todos os momentos.

Assim a vida do ser human com afinidades, mas também com opostos, como na natureza. Com alegrias inexplicáveis, muitas vezes advindas das lembranças da alma ou de presenças queridas, mas também com tristezas repentinas, saídas da própria condição humana que, com seus limites e suas imposições, nos mostra a superioridade sobre nossos anseios e esperanças que vão e voltam, que tornam a ir e a voltar, a ir e a voltar...

Assim a vida: esse palpitar entre a luminosidade estonteante do sol e a escuridão de borrascas que avassalam o ser, tênue ser em sua fragilidade, só fortalecida quando, do alto, uma força maior aparece, impulsionando a caminhada.

(*) Educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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