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Governador preso

Nenhum homem pode afirmar que não cai em desgraça, porém todos podem dizer que estão vigilantes para não cair em desgraça

João Eurípedes Sabino
Publicado em 19/02/2010 às 00:54Atualizado em 20/12/2022 às 08:03
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Nenhum homem pode afirmar que não cai em desgraça, porém todos podem dizer que estão vigilantes para não cair em desgraça. Tenho visto isso acontecer com o menos e o mais ilustre cidadão que habita a terra. Das inerências do gênero humano ninguém escapa, ainda que se gastem fortunas para contrariá-las. Quem olha o império de Brasília não imagina que muitos dos seus castelos foram edificados sobre lamaçal e os donos evitam até pronunciar a palavra ALICERCE. Têm razão os brasilenses honestos que suam a camisa e exigem a saída do governador preso José Roberto Arruda. Atrás do formigueiro formado por duas mil obras na Capital Federal, estão os brincos de diamantes, vestidos e sapatos femininos que custaram milhares de reais, as bolsas que a criadagem sequer pode por a mão, os perfumes de odores personificados, os cavalos de raça e outras luxúrias jamais imaginadas pelo reles povo. Esse é o “varejo”, fruto da corrupção. O “atacado” está num patamar a perder de vista. É tão grande que não pode ser visto a olho nu. É paradoxo, mas é a verdade.   Paulo Otávio, vice-governador, não quer intervenção na capital. Será o medo de se ajoelhar ante a desgraça que tantas vezes subestimou? Por certo. Recentemente um colega construtor em Brasília saiu deslavadamente com essa: “Brasília não pode parar suas obras. Arruda preso é o fim!”. Aí leitor(a) entendi porque edifiquei o necessário para viver dignamente, e ele... Decepcionei-me com quem um dia sentei nos bancos da escola para obter o grau de engenheiro civil. Ter o governador de Brasília preso não me agrada, menos ainda no ano em que a cidade completará 50 anos. Digamos que na data do nosso aniversário, não somos cumprimentados por um ente querido porque ele se foi e jamais voltará do além. Então é pertinente a pergunta: qual é o problema estar preso o governador Arruda no cinquentenário da “sua cidade”?   No dia 21 de abril de 2010 José Roberto Arruda provavelmente estará solto em Brasília e a metrópole vivendo um clima sombrio por sua causa e de seus asseclas. E qual o problema? A festa, mesmo silenciosa, será abrilhantada pela democracia, pelo estado de direito e a cidadania que estarão desfilando com seus pés sobre a impunidade. Quero assistir a essa parada triunfal.

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