Nenhum homem pode afirmar que não cai em desgraça, porém todos podem dizer que estão vigilantes para não cair em desgraça
Nenhum homem pode afirmar que não cai em desgraça, porém todos podem dizer que estão vigilantes para não cair em desgraça. Tenho visto isso acontecer com o menos e o mais ilustre cidadão que habita a terra. Das inerências do gênero humano ninguém escapa, ainda que se gastem fortunas para contrariá-las. Quem olha o império de Brasília não imagina que muitos dos seus castelos foram edificados sobre lamaçal e os donos evitam até pronunciar a palavra ALICERCE. Têm razão os brasilenses honestos que suam a camisa e exigem a saída do governador preso José Roberto Arruda. Atrás do formigueiro formado por duas mil obras na Capital Federal, estão os brincos de diamantes, vestidos e sapatos femininos que custaram milhares de reais, as bolsas que a criadagem sequer pode por a mão, os perfumes de odores personificados, os cavalos de raça e outras luxúrias jamais imaginadas pelo reles povo. Esse é o “varejo”, fruto da corrupção. O “atacado” está num patamar a perder de vista. É tão grande que não pode ser visto a olho nu. É paradoxo, mas é a verdade. Paulo Otávio, vice-governador, não quer intervenção na capital. Será o medo de se ajoelhar ante a desgraça que tantas vezes subestimou? Por certo. Recentemente um colega construtor em Brasília saiu deslavadamente com essa: “Brasília não pode parar suas obras. Arruda preso é o fim!”. Aí leitor(a) entendi porque edifiquei o necessário para viver dignamente, e ele... Decepcionei-me com quem um dia sentei nos bancos da escola para obter o grau de engenheiro civil. Ter o governador de Brasília preso não me agrada, menos ainda no ano em que a cidade completará 50 anos. Digamos que na data do nosso aniversário, não somos cumprimentados por um ente querido porque ele se foi e jamais voltará do além. Então é pertinente a pergunta: qual é o problema estar preso o governador Arruda no cinquentenário da “sua cidade”? No dia 21 de abril de 2010 José Roberto Arruda provavelmente estará solto em Brasília e a metrópole vivendo um clima sombrio por sua causa e de seus asseclas. E qual o problema? A festa, mesmo silenciosa, será abrilhantada pela democracia, pelo estado de direito e a cidadania que estarão desfilando com seus pés sobre a impunidade. Quero assistir a essa parada triunfal.