O Pix automático, nova ferramenta do sistema de pagamentos instantâneos, entra em operação nesta segunda-feira (16). A funcionalidade permitirá que contas recorrentes — como as de água, energia, telefone, academias e serviços por assinatura — sejam pagas automaticamente, sem que o usuário precise autorizar cada transação individualmente.
Para utilizar o serviço, o cliente precisa configurar limites, como um valor máximo por pagamento. Caso não concorde com o valor da cobrança, poderá cancelar o agendamento até as 23h59 do dia anterior.
Apesar da liberação oficial nesta segunda-feira, a adesão ao Pix automático será gradual. Inicialmente, apenas algumas empresas estarão aptas a oferecer essa nova forma de pagamento, o que pode atrasar sua adoção em larga escala pelos consumidores.
De acordo com o Banco Central, a novidade deve beneficiar cerca de 60 milhões de brasileiros que ainda não têm acesso a cartões de crédito, ampliando as possibilidades de pagamento de forma recorrente. Um estudo da Ebanx, o "Beyond Borders 2025", estima que o Pix automático deve movimentar pelo menos US$ 30 bilhões no comércio digital nos seus dois primeiros anos, representando 12% do volume financeiro das transações via Pix nesse segmento.
Hoje, os pagamentos recorrentes via cartão de crédito somam cerca de US$ 50 bilhões por ano no Brasil. A expectativa é que US$ 2 bilhões desse total migrem para o Pix automático já no primeiro ano de operação.
“O Pix já inseriu 71,5 milhões de brasileiros no sistema financeiro formal em apenas dois anos. Atualmente, 91% dos adultos no país utilizam esse meio de pagamento. O Pix automático tende a ampliar ainda mais esse alcance, possibilitando acesso a serviços de assinatura para quem não possui cartão de crédito”, afirma Eduardo de Abreu, vice-presidente de produto do Ebanx.
Diferenças entre Pix automático e débito automático
Ambos os sistemas se destinam ao pagamento de contas recorrentes, mas têm particularidades importantes. Segundo Ralf Germer, CEO e cofundador da PagBrasil, o débito automático tradicional exige que cada empresa tenha convênios específicos com os bancos dos clientes — um processo considerado burocrático e limitado.
O Pix automático, por outro lado, tem uma arquitetura mais simples e padronizada, dispensando intermediários e reduzindo os custos operacionais.
Além disso, no débito automático convencional, o lojista pode agendar cobranças sem que o cliente aprove previamente os valores ou a frequência, o que reduz a autonomia do consumidor. Já no Pix automático, é necessário que o cliente forneça um consentimento claro, com parâmetros definidos, como limite de valor, periodicidade e prazo de validade da autorização. O usuário também será avisado antes de cada cobrança.
Quando usar cada modalidade?
O Pix automático é indicado para quem busca mais controle e segurança, pois exige validação prévia das regras de pagamento. Já o débito automático pode ser mais útil para contratos antigos ou situações em que o prestador de serviços ainda não oferece a nova opção.
O Pix automático vai substituir o débito automático?
Com menor custo e mais flexibilidade, o Pix automático é visto pelo Banco do Brasil como uma evolução natural do débito automático. A tendência é que a nova modalidade se torne mais popular, principalmente entre pequenas empresas, e que substitua gradualmente os sistemas tradicionais de cobrança.
Ele pode também substituir o boleto?
Sim, especialmente em casos de cobranças periódicas, como mensalidades e assinaturas. O banco Itaú estima que o Pix automático possa melhorar em até 30% o índice de pagamento de clientes que hoje usam boletos ou QR Codes. Nos testes feitos, observou-se que os clientes que aderem ao pagamento automático tendem a manter as contas em dia com mais frequência.
Como o Pix automático funciona?
O cliente verifica se a empresa (como uma academia ou serviço de streaming) aceita Pix automático como forma de pagamento.
Em seguida, autoriza a cobrança e define regras — como o valor máximo e se usará crédito.
A empresa envia a cobrança ao banco dias antes do vencimento.
O banco agenda o pagamento e avisa o cliente, que pode revisar os dados no app da conta.
No dia acordado, o pagamento é realizado automaticamente, conforme as regras da autorização.
É possível limitar o valor das cobranças?
Sim. O cliente pode definir um teto para cada pagamento. Se a cobrança ultrapassar esse valor, o banco não efetua o débito automaticamente.
No entanto, o recebedor pode estipular um valor mínimo (piso). Por exemplo, se o piso for R$ 50, o cliente só poderá definir um limite igual ou superior a isso. Esse limite pode ser alterado a qualquer momento, mas mudanças feitas após o agendamento de uma cobrança só valem para os débitos futuros.
E se não houver saldo na conta?
Caso o cliente não tenha saldo suficiente, o pagamento não será concluído, e ele receberá uma notificação. O banco pode tentar realizar a cobrança novamente ao longo do mesmo dia. Se não houver sucesso, novas tentativas poderão ser feitas em até três datas diferentes, respeitando um prazo máximo de sete dias corridos e sem ultrapassar o início do próximo ciclo de cobrança.