Buscando fugir do tédio, o homem acaba fugindo dele próprio.
Buscando fugir do tédio, o homem acaba fugindo dele próprio.
Procurando desenfreadamente, por ocupação, glória, honra, prazer, diversão ou divertimento, o homem desemboca cada vez mais em um vazio profundo, que aponta a superficialidade e mediocridade em que vivem muitas pessoas. E sofrem por isso em lugar de ser felizes. E se deprimem. E quando percebem ou não, são vítimas do mal do século, a depressão.
Urge o desenvolvimento da sensibilidade.
É necessário a preocupação com a faculdade emocional nesta era toda marcada pela supervalorização da tecnologia, transformando relações e demonstrando a elevada insensibilidade dos tempos atuais.
É importante uma reavaliação diante da sensibilidade e da emoção, visando uma reestruturação das relações humanas.
É importante aqui a solidariedade, a compaixão, a ética.
O homem não é perfeito, o homem é limitado.
Urge a necessidade da abertura humana à sensibilidade generalizada.
A fuga de si mesmo causa a depressão.
O homem teme o seu próprio enfrentamento. O homem tem medo de enfrentar, de encarar, de conhecer seus verdadeiros anseios, seus desejos reais. E, para não enfrentar o que teme, busca a distração, ou seja, procura distrair-se daquilo que lhe causa temor.
Valorizando demasiadamente a razão e desprezando a afetividade, o ser humano instaura uma ordem que lhe causa problemas e o deprime.
Um grande vazio é o que esconde a procura constante por divertimento e prazer. Essa diversão e satisfação momentâneas só distraem o homem de si mesmo e o tornam medíocre.
Não se deve nem excluir a razão e nem admitir apenas a razão.
O culto exagerado à razão conduz a humanidade ao progresso, entretanto, relegando o homem real, permite a fome, a desigualdade, a violência, a morte e outras mazelas do próprio ser humano.
O homem não consegue refletir sobre sua existência, sobre seu eu verdadeiro diante de tantas informações. Inúmeros compromissos e realizações a cumprir não lhe permitem um tempo para si mesmo.
O encontro consigo mesmo, tão necessário, é relegado a segundo plano.
Olhar o homem na sua totalidade é o desafio e a solução para as futuras gerações.
Considerar a emoção e a razão é buscar a autocompreensão e o caminho para resolver problemas tão humanos.
(*) psicóloga clínica