ARTICULISTAS

Falando de Violência - III

A agressão destrutiva é uma característica básica da violência

Sandra de Souza Batista Abud
Publicado em 05/06/2014 às 20:33Atualizado em 19/12/2022 às 07:26
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A agressão destrutiva é uma característica básica da violência psicológica.

Como acontece este tipo de agressão?

A agressão destrutiva inclui situações como verbalizações desqualificadoras, isolamento social, falta de atenção a necessidades afetivas e materiais... Tanto no casamento formal quanto nos arranjos conjugais estáveis, as interações carinhosas e os sentimentos de amor resultam empobrecidos quando, mutuamente, entre o casal há afastamento afetivo; o peso do cotidiano se afirma e estabelece o desinteresse, a despreocupação em manter-se amoroso, comunicativo, criativo e vinculado de modo a não favorecer a explosão da violência psicológica.

O empobrecimento amoroso entre homem e mulher é o potencial de atos de violência psicológica.

Nos grupos familiares, as relações intrapessoais e interpessoais se apresentam de formas amigáveis, conflituosas, distantes, calorosas... Estas relações são estranguladas pela impaciência e intolerância que a convivência provoca, e pela busca incessante do prazer, uso de pessoas e ausência de um projeto do casal e um projeto para cada cônjuge.

Neste contexto, este conjunto de fatores possibilita o fortalecimento das emoções promotoras das violências, a ruptura ou a destruição dos vínculos amorosos que favoreceram a união do casal.

O assédio moral é uma forma estrema da violência psicológica no trabalho. Tem como característica o comportamento repetitivo de humilhações com a intenção de prejudicar e excluir o indivíduo do ambiente corporativo. O assédio moral implica em prejuízos à saúde e à vida social do trabalho. A violência psicológica corporativa está relacionada à pressão exagerada para cumprir metas, uso de estratégias de exposição constrangedora de resultados, comparação entre membros do mesmo grupo, competitividade para além da ética, ameaça de demissão constante, entre outras.

A Psicologia, a Sociologia e a Antropologia demonstram que homens e mulheres vivenciam e podem vir a ser vítima e algoz da violência privada acobertada pela sociedade patriarcal e corporativa. Esta situação demanda políticas públicas voltadas para ambos e urge criar estratégias interventivas grupais que proporcionem uma ação coletiva para o rompimento dos vários ciclos de violências.

Superar a violência psicológica conjugal privada exige das famílias e do casal a adoção da concepção de cuidados na dimensão ontológica, ou seja, aquela que inclui todos os sujeitos.

Superar a violência psicológica exige mudar a educação primária de crianças e adultos, em que há tendência de empregar estratégias diferentes de raciocínio e de aplicar temas e conceitos morais violentos.

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