É possível entender a violência? Ela vem de onde? Qual é sua origem?
É possível entender a violência?
Ela vem de onde? Qual é sua origem?
Como combater a violência de nossos dias?
Atos violentos sempre existiram?
A história da humanidade está repleta de violência contra o próprio homem.
Homem e violência... Violência e homem...
A possibilidade da violência é inerente à condição humana. E essa violência caracteriza o modo de se relacionar do homem.
Não é por acaso e nem por acidente que as histórias da humanidade e da violência vêm caminhando juntas. É por essência. Homens modernos não podem mais cultivar a ideia de que os antigos foram violentos e não a humanidade atual.
Já não temos mais como eleger o passado da humanidade como paraíso perdido. Mas como encontrar a superação da violência que nos acomete por todos os lados?
O fato de que os valores supremos, tidos como absolutos, tenham se desvalorizado, não é a causa da violência e também não é a sua consequência.
A violência não se reduz a um problema moral? Não.
Não é a força ou o enfraquecimento dos valores que determinam a presença ou a ausência da violência. Se hoje se mata sem remorso ou culpa devido a estruturas que suprimem a presença de valores estáveis, no passado, matava-se em nome de Deus.
A violência sempre existiu, acontecendo desde o surgimento da humanidade.
Se no passado, romanos se divertiram transformando cristãos em piras humanas e cristãos serviam à Trindade Divina matando muçulmanos e caçando bruxas; no mundo moderno, estadunidenses se despedem de uma guerra mundial lançando duas bombas atômicas no Japão. Se antigamente, civilizados europeus invadiram as Américas e reduziram índios a pó, atualmente, homens-bomba sacrificam suas vidas e outras vidas, motivados por suas crenças.
Por todos os lados há violência, a qual se manifesta de várias formas. Fica claro que ela não é um detalhe da condição humana, mas uma possibilidade que atravessa a história e acompanha o homem.
A violência parece ser congênita ao homem e à sua história. Já no seu tempo, Einstein, que acompanhara algumas pesquisas de Freud, queria saber se seria viável anular as possibilidades de novas guerras e a supressão do ódio e da violência do coração humano. Em resposta a Einstein, disse Freud: “De nada vale tentar eliminar as inclinações agressivas dos homens”. Em linguagem freudiana, o que Einstein almejava era retirar do homem a pulsão de morte e preservar nele a pulsão de vida, e o que Freud mostra é que a condição ontológica humana da violência é congênita.
Quem não conhece a história de Caim e Abel?
(*) Psicóloga clínica