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Falando de timidez - 3

Qual seria a metáfora da timidez? A metáfora da timidez é a de um alpinista que tem por objetivo atingir o cume

Sandra de Souza Batista Abud
Publicado em 10/02/2011 às 20:03Atualizado em 20/12/2022 às 01:46
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Qual seria a metáfora da timidez?

A metáfora da timidez é a de um alpinista que tem por objetivo atingir o cume de uma montanha. Seu desejo é chegar ao topo. Planeja, então, sua viagem, adquirindo roupas, alimentos, ferramentas e equipamentos necessários à escalada. Estuda a montanha, monta uma estratégia de subida, faz um mapa e inicia sua jornada. Se surgem obstáculos, busca meios de contorná-los sem perder de vista o cume.

Se por acaso e infortúnio esse alpinista encontra um grande inimigo que resolve atacá-lo na montanha, esquece-se de seu objetivo, desvia-se da rota e começa a fugir do inimigo. Toda a jornada estará perdida, e o alpinista, na tentativa de esconder-se terá olhos apenas para o inimigo, trilhará caminhos absurdos, se desviará completamente de seu destino, se esconderá em buracos, perderá suas ferramentas, equipamentos, sua bússola e até mesmo sua comida. Ao final, estará exausto, frustrado, sem rumo.

Se o inimigo não for derrotado, o alpinista poderá retornar à montanha, recomeçar de outro jeito, com outras estratégias e ferramentas, mas provavelmente, terá de se esconder desse inimigo e buscará os caminhos que o escondam do perigo, e não as melhores estratégias para atingir o cume. Assim acontece com os tímidos e com as pessoas bloqueadas pelo med escolhem rumos para a vida que as levarão a lugares cada vez mais distantes de seu projeto inicial.

Sem inimigos e impedimentos, sem bloqueios e limitações, os esforços e energia direcionados para o que queremos, e os obstáculos que porventura surgirem no caminho são encarados como partes da jornada e, mesmo que haja necessidade de reorientação das estratégias, não perdemos de vista a meta, o objetivo inicial. Há uma orientação positiva e construtiva das energias pessoais no projeto de vida.

Somente quando o inimigo for vencido, o alpinista terá êxito em sua escalada e        será capaz de voltar os olhos novamente em direção ao cume da montanha. A partir daí, poderá se reorientar e descobrir quão distante a estratégia de fuga o levou.

A timidez, assim, tem a capacidade consteladora de um complexo.           Funciona como um imã na psique humana, e em torno desse bloqueio vários comportamentos, sentimentos, atitudes, fantasias se constelam. A timidez interfere nos atos do indivíduo, criando uma gama de comportamentos correlatos e sintomas diversos, tais como erro de linguagem, lapsos de memória, mal entendidos, fuga de ideia, fala desconexa, sensações de inadequação, suores, tremores, palpitações, dificuldade de concentração, alheamento, dificuldades de terminar tarefas, postergação de atividades, racionalizações, entre outras.

O núcleo da timidez é o sentimento de inferioridade em relação a outras pessoas. O indivíduo tímido, com baixa autoestima, vive imaginando as situações nas quais não se sairá bem. Cria as cenas de rejeição, revive os momentos de dor constantemente, imagina-se excluído e inferior, deprimi-se e, como nesta metáfora da timidez, torna-se seu próprio inimigo.

(*) psicóloga clínica

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