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Falando de política e subjetividade - lll

Qual é a forma de poder que controla a totalidade da vida dos indivíduos, submetendo as pulsões e os desejos

Sandra de Souza Batista Abud
sandrasba@uol.com.br
Publicado em 08/07/2010 às 20:21Atualizado em 20/12/2022 às 05:28
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Qual é a forma de poder que controla a totalidade da vida dos indivíduos, submetendo as pulsões e os desejos e fazendo funcionar a máquina de consumo capitalista?

Qual é o poder exercido sobre a vida com o propósito de controlá-la, submetendo-a aos cálculos e estratégias de domínio?

É o Biopoder. É o Biopoder que mostra como a vida foi submetida às regulamentações impostas pelo Estado, e como este foi aos poucos assumindo a responsabilidade de geri-la, regulamentando a vida da população e implementando estratégias de inclusão e ordenamento.

O Biopoder  surge sob a tutela do Estado. E, aos poucos, se difunde como exercício por toda a sociedade, tornando-se o tipo de poder predominante ao longo do sec. XX.

Encontramo-nos agora em plena era do Biopoder.

Controlar a vida, gerir o crescimento populacional, ordenar o comportamento, a sexualidade, a saúde, inventando medidas normativas com o propósito de capturar a vida, dominando o desejo do ser vivente, são estratégias que, segundo os especialistas, atestam a presença deste biopoder na contemporaneidade.

Se o poder tomou para si a tarefa de gerir a vida, se a vida foi incluída nos cálculos do poder, será que  o destino da política atual consiste na capacidade da vida de resistir ao poder? Política, sabe-se, só sobrevive onde houver resistência, tensão, embate, desentendimento. Resistir é criar possibilidades de vida social para além das estratégias de dominação, criando novos espaços de liberdade. Neste contexto, uma Biopolítica se define com um poder que se exerce dominando a vida. Um poder que faz viver segundo os seus cálculos.Um poder que faz existir uma vida que resiste a tais cálculos, criando possibilidades inéditas de vida. 

Enfim, na perspectiva mundial, as fronteiras tendem a desaparecer obedecendo à lógica de um capitalismo sem limites. O mundo globalizado, a mundialização do capital, exigem, por parte dos poderes, um controle cada vez mais minucioso do movimento dos indivíduos. A soberania tende, cada vez mais, a perder a transparência. O poder torna-se difuso, fazendo funcionar a máquina mundial de mercado, regida pelo imperativo de consumo.

Seria o político capaz de reinventar sua vida, como disponibilidade ao outro, disponibilidade para viver e acompanhar a experiência criativa de busca de novos territórios para a experiência no mundo?

E a pólis... cidade politicamente organizada, formada pelos cidadãos livres e iguais?

E a violência em nome da paz?

E a subjetividade do cidadão? 

(*) psicóloga clínica

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