O movimento que existe entre instituir e ser instituído ocorre de maneira não consciente de geração em geração e é constante
O movimento que existe entre instituir e ser instituído ocorre de maneira não consciente de geração em geração e é constante. Assim, as instituições submetem as subjetividades a sentidos culturais pré-existentes fornecendo um primeiro continente aos processos de construção do eu. Por outro lado, o processo constante de instituir-se promove um questionamento do sentido coletivo existente, abrindo a possibilidade de criação de novos universos de referência de mundo para a existência singular, individual.
Onde mais buscar os vetores que possam orientar os destinos de nossas subjetividades políticas?
O que seria o biopoder?
Biopoder, conforme Foucault, é o poder estatal de controle da vida dos indivíduos, que se implementa pela via eficaz do autocontrole subjetivo. Tal prática é capaz de criar normas e discursos para capturar a vida e dominar o desejo do indivíduo. A tarefa política da atualidade é resistir à prática do biopoder.
Poder-se-ia aproximar a Política da ideia de sociabilidade e de ética?
Atualmente, vivemos momentos de obrigatoriedade de prazer ininterrupto. Com ausência de ideais culturais no contexto sócio econômico consumista de nossos dias, a paixão se expressa sob formas extremamente violentas.
A mediação de conflitos através do diálogo encontra-se, hoje em dia, em profundo declínio. Práticas políticas têm se mostrado insuficientes no mundo do terrorismo, da exclusão das populações desvalidas ou da ampla e documentada corrupção na política.
Ainda é Michel Foucault que radicaliza, estabelecendo que o homem é o animal em cuja política, questiona a sua própria vida.
Neste contexto, é possível compreender a íntima convergência entre os interesses psíquicos de dar significado à vida e os propósitos políticos do sujeito. Resistir às normas do poder e aos discursos do saber vigentes seria, segundo o filósofo francês, a produção política por excelência.
E a dimensão política do sujeito?
A razão se submete ao desejo inconsciente e a realidade se subordina ao prazer, segundo Freud. Se, tradicionalmente, dar significado à vida é função da razão e da consciência, pergunta-se: como compreender, a partir de Freud, a responsabilidade política do indivíduo?
Com o atual desinvestimento cultural dos conceitos, das ideologias e da ética, como conceber neste mundo globalizado, a íntima convergência entre subjetividade e Política?
(*) psicóloga clínica