Perdoar não é aceitar a crueldade. Perdoar não é esquecer que algo doloroso aconteceu. Perdoar não é aceitar o mau comportamento
Perdoar não é aceitar a crueldade. Perdoar não é esquecer que algo doloroso aconteceu. Perdoar não é aceitar o mau comportamento. Perdoar não significa reconciliar-se com o agressor. O perdão é importante para quem perdoa, não para quem ofendeu. Aprende-se a perdoar como se aprende outras coisas. Ao perdoar, admitimos que nada se pode fazer pelo passado, e isso permite que nos libertemos dele. Perdoar ajuda os aviões a pousar para que sejam feitos os ajustes necessários. O perdão concedido por nós serve para relaxarmos e não indica que aceitamos algo injusto, mas significa não sofrer eternamente pela ofensa ou pela agressão. Mas, e se a agressão tiver sido grave demais, como perdoar ao agressor? Qual o segredo para agir com tanta integridade? Resiliência é a palavra certa para o contexto. Resiliência, um conceito psicológico que define a capacidade de superar as adversidades e ser forte durante as crises. A resiliência é a reação positiva. É um espaço de liberdade interior que permite não se submeter às feridas. Resiliência é a forma positiva de reagir às adversidades. Quem consegue superar tragédias ou sair de períodos difíceis de dor emocional pode abandonar o papel de vítima e começar uma vida nova. Você já se perguntou por que algumas pessoas, oprimidas pelo desamparo na infância, caem na delinquência e se tornam agentes de agressão, ao passo que outras se recuperam, tornam-se pessoas de bem e são felizes, fortes, prósperas e bem sucedidas? A resposta é a resiliência. E, para ser resiliente é necessário saber perdoar. Um dos ingredientes necessários à resiliência é o perdão. Sem perdão não podemos crescer nem ficar mais fortes com a adversidade. Sem perdão não conseguimos ser flexíveis e resilientes. Algumas pessoas conservam a dor para mostrar ao mundo como foram maltratadas, e não querem perceber que assim se prejudicam. Ao mundo, não interessa o nosso passado, só o que somos capazes de fazer e dar agora. Quando nos apegamos à dor antiga, a autocomiseração embota a capacidade de dar e, quando assumimos o papel de mártires, ficamos à espera que alguém resolva milagrosamente a nossa vida. O perdão nos ajuda a reconhecer e admitir que somos frágeis e que não precisamos esconder essa fragilidade. Quando nos tornamos conscientes dos nossos limites, evitamos que a experiência se repita. O perdão é também proteção contra as doenças. Além da saúde espiritual, existem várias provas de que deixar para trás a hostilidade protege a saúde física. Um estudo chamado Perdão e Saúde Física, realizado pela Universidade do Wisconsin, mostrou que aprender a perdoar pode ajudar indivíduos de meia-idade a evitar doenças cardíacas. Nessa pesquisa foi descoberto que quanto maior a capacidade de perdoar, menos problemas nas artérias coronárias surgem no decorrer da vida. Por outro lado, quanto menor a capacidade de perdoar, mais frequentes os episódios de doenças cardiovasculares. Em relação à recordação das feridas, eis aqui outra informação importante: uma pesquisa indicou que pensar cinco minutos em algo que provoca agitação, raiva ou desgosto pode diminuir a VFC – variabilidade da frequência cardíaca – parâmetro da saúde do sistema nervoso que mostra a flexibilidade do sistema cardiovascular. Para enfrentar e reagir ao estresse em boas condições, o coração precisa de flexibilidade. O mesmo estudo mostrou que esses cinco minutos de pensamento negativo desaceleram a reação do sistema imunológico, que defende o organismo. Os benefícios do perdão – aqueles que protegem o corpo e os que aliviam a alma – não se aplicam somente aos outros, mas também a nós mesmos. Quando, apesar dos erros e culpas, somos capazes de nos perdoar e deixar de nos sentir merecedores de castigo, cooperamos com o nosso bem-estar íntimo. Perdoar não é esquecer nem persistir no erro. É começar de novo, com a experiência adquirida, sem os rancores a sobrevoar e confundir as possibilidades do presente. O perdão não é algo que ofertamos ao outro, mas um presente vital que damos a nós mesmos.