Perdoar... perdoar... perdoar... O que é isto? Perdoar... desculpar... absolver... Vale a pena perdoar?
Perdoar... perdoar... perdoar... O que é isto? Perdoar... desculpar... absolver... Vale a pena perdoar? Perdoar... poupar... remitir as faltas... É nobre perdoar? Quem tem rancor não perdoa. Quem perdoa não sente rancor. Perdoar é não sentir raiva, é abster-se do ódio. Perdoar é a escolha de privar-se da mágoa. É impedir a presença da raiva, do ódio, do rancor. Não é magnífico? Não é magnífico o prazer de aliviar alguém? Não é magnífico proporcionar consolo a quem agrediu ou causou dor? Conceder o perdão é propiciar clemência, indulgência, lenitivo, alívio, consolo. Perdoar é importante, sim, e muito. É muito interessante para o equilíbrio interior fazer as pazes com quem nos magoou e com a nossa pessoa. Isto é perdoar. É fazer as pazes, pois o perdão alivia. Entretanto, o perdão é um dos conceitos mais difíceis de se pôr em prática. E também de ser entendido. O perdão não contribui para a injustiça? Quem causa o mal merece ser perdoado? Quem causa dano não merece perdão, muitos dizem e ouvem. Aqueles que nos feriram, se perdoados, não voltarão a nos ferir? Aqueles que nos magoaram não vão se aproveitar da nossa benevolência? Muitas vezes, o desgosto com os prejuízos e as ofensas não se reduz com o passar do tempo. Ficamos enfurecidos com nossos pais pelos erros cometidos durante a nossa infância. Ficamos revoltados com quem já abusou da nossa boa-fé. Ficamos irritados com quem nos aborreceu de alguma forma em algum lugar. O que fazemos sempre e geralmente? Guardamos a ferida dentro da alma como tesouro precioso, para tirá-la da memória de vez em quando e fitá-la, absortos, como se fosse um álbum de fotografias, uma joia de vitrine. Nesse momento, passamos outra vez pela mente, o filme do episódio imperdoável, e o revivemos. O desgosto com o passado se alimenta de grandes porções do presente. Isto é o rancor, a mágoa, a raiva. E por que valeria a pena perdoar? Por uma questão religiosa? Por altruísmo? Há alguma questão que seja impossível de desculpar em um mundo tão absolutamente cruel? É possível dominar o perdão? O que significa, verdadeiramente, esse sentimento transformador? “Os aviões do rancor se convertem em fonte de estresse e, muitas vezes, o resultado é um choque”, afirma Fred Luskinn, conselheiro, psicólogo da saúde e diretor do Projeto do Perdão, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Em seu guia O poder do perdão, que reúne casos e estudos tirados desse programa, Luskin explica que os problemas não solucionados são como aviões que voam dias e semanas sem parar e sem pousar, consumindo recursos que podem ser necessários em caso de emergência. “Perdoar é a tranquilidade que se sente quando os aviões pousam”.