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Falando de cérebros brilhantes III

Como nasce o indivíduo? Um garoto dotado de um QI extraordinário? Um superdotado que recebeu um cérebro fora do comum? Pode até ser que sim, mas novos

Sandra de Souza Batista Abud
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 20/12/2022 às 13:22
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Como nasce o indivíduo?

Um garoto dotado de um QI extraordinário? Um superdotado que recebeu um cérebro fora do comum? Pode até ser que sim, mas novos estudos mostram que, para atingir o nível de excelência necessário à realização, outros fatores são tão fundamentais quanto uma mente que brilha.

A importância da avaliação? Às vezes, nem um jogador experiente sabe quando chegou lá e está na hora de dar o passo seguinte. Raros são aqueles que, de forma isenta, julgam o próprio desempenho. A tendência natural é valorizar os acertos e subvalorizar possíveis deslizes ou equívocos. A cabeça dos “top performers” funciona de maneira inversa. E, mesmo entre eles, a avaliação de um treinador ou mentor pode ser vital em alguns momentos.

Por fim, com treinador ou não, é imprescindível que o indivíduo em busca da excelência saiba se autoobservar enquanto executa seu ofício. É isso que diferencia os bons corredores dos campeões de maratonas. Enquanto os primeiros se concentram apenas no trabalho que estão executando, os segundos contam as respirações e as passadas, sempre em busca do melhor desempenho.

Estudos e pesquisas envolvendo a mente estão sempre acontecendo e os resultados se manifestam de formas diversas.

Em tribunais americanos, advogados já têm tentado apresentar imagens escaneadas do cérebro como indício da inocência dos seus clientes. Agências governamentais estão considerando a possibilidade de escanear áreas cerebrais de líderes militares, astronautas e agentes secretos para determinar quem está predisposto a fazer o quê, em situações estressantes. Médicos introduziram dispositivos na cabeça de pacientes que sofrem da doença de Parkinson, para ajudá-los a enfrentar a doença. Fala-se de pílulas que ajudariam os soldados a apagar as lembranças dos horrores da guerra e de implantes para restabelecer ou aprimorar a memória. E estudantes sem dificuldades de aprendizado estão tomando anfetaminas e outras drogas psicoativas para melhorar ainda mais o desempenho nos exames escolares.

E a idade? E a velhice que chega para todos?

Idade não é desculpa, nunca é tarde para começar a malhação mental, nosso cérebro forma novas conexões até na velhice. Pouco importa se o candidato a gênio seja um garoto dotado de um QI extraordinário, um beneficiado pelas circunstâncias ou alguém que tenha o plano de treinamento traçado por um mentor. Nenhuma dessas condições dispensa uma boa dose de esforço pessoal. A boa notícia é que nunca é tarde demais para começar a exercitar a mente. Diferentemente do que se imaginava há alguns anos, o cérebro adulto é dotado de neuroplasticidade, ou seja, a capacidade de formar novas conexões. Evidências obtidas em laboratórios comprovam que possuímos a habilidade de modificar a estrutura e funções do cérebro em resposta a certas experiências. Aprender coisas novas todos os dias é uma das melhores maneiras de aprimorar a inteligência. Pode ser por meio da leitura, do estudo de um idioma ou de um instrumento musical e até mesmo da “malhação” cerebral – a prática de exercícios de cognição e lógica.

Toda esta atividade deve acionar o nosso radar ético, suscitando ponderações sobre quem pode ser prejudicado e como podemos nos proteger dessas situações. Por enquanto, as questões excedem as respostas, mas identificar os problemas éticos cruciais é um primeiro passo essencial.

Seria realmente terrível se as técnicas usadas para tratar a Doença de Alzheimer ou o Transtorno de Déficit de Atenção possibilitassem modos de aprimorar a memória normal?

Inteligência, perspicácia e persistência explicam parte do êxito. Como no caso de Mark Zuckerberg – criador do Facebook, que abriu a porta do sucesso no mundo dos negócios –, fatores externos ajudaram o engenheiro a conquistar o êxito, como a disposição para pensar diferente, o ambiente criativo da faculdade, o apoio paterno.

Como em qualquer atividade, cuja meta seja a excelência, é preciso sempre procurar atividades que vão além das habilidades que já dominamos, inclusive na busca do aprimoramento da inteligência.

(*) Psicóloga clínica

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