Em busca de saúde, as pessoas vão atrás de médicos, remédios comprados por conta própria, suplementos vitamínicos e livros de autoajuda. Mas elas também recorrem
Em busca de saúde, as pessoas vão atrás de médicos, remédios comprados por conta própria, suplementos vitamínicos e livros de autoajuda. Mas elas também recorrem a outra arma poderosa, capaz de combater doenças e melhorar a qualidade de vida: os amigos. Os pesquisadores começam a perceber a influência da amizade e dos círculos sociais na mente e no corpo. Estudos médicos, científicos e psicológicos mostram que o relacionamento entre amigos é bastante positivo.
Como se relacionam os amigos?
A relação entre amigos se dá na linha horizontal, de igual para igual. E este relacionamento acontece com absoluta sinceridade, o que nem sempre é possível entre cônjuges e familiares. Michel de Montaigne, filósofo francês, é quem diz: “Não podem os filhos dar conselhos ou formular censuras a seus pais, o que é, entretanto, uma das primeiras obrigações da amizade”. E, ainda: “Nada depende mais de nosso livre-arbítrio que a amizade e a afeição”.
Amigos não são impostos.
Amigos não são determinados por obrigação.
Amigos não acontecem por convenção.
Amigos são escolhidos.
Nos primórdios da evolução é que os benefícios proporcionados pela amizade tiveram início. O antropólogo e psicólogo evolucionista Robin Dunbar, da Universidade de Liverpool, chegou à conclusão de que os contatos sociais parecem ter colaborado para que o cérebro se transformasse em um órgão de grande capacidade. Fez esta afirmação ao perceber que, nos macacos, havia relação entre o tamanho da massa cinzenta e o número de integrantes do grupo. “Quanto mais elementos tivesse o bando de uma espécie, mais volumoso seria o córtex dos animais”. A partir dessa observação, publicada em artigo na revista Scientific American, Dunbar criou a teoria do “social brain”, ou cérebro social, segundo a qual o desenvolvimento das estruturas sociais teria impulsionado a evolução do cérebro. Quanto maior o grupo, mais informações precisam ser processadas pelo cérebro. Sendo assim, a capacidade de processamento do cérebro também limitaria o tamanho de nosso círculo social. Esse limite seria de, aproximadamente, 150 pessoas.
Esse número está presente há milhares de anos nas diversas formas de organização da sociedade. No Exército romano as unidades básicas tinham por volta dessa quantidade de soldados. Nas indústrias modernas também se observa que esse é o limite de funcionários para que uma estrutura funcione bem. Acima disso, a produtividade cai. A pressão do grupo, como incentivo à produção individual, deixa de funcionar devido ao anonimato. Para os benefícios à saúde, no entanto, a quantidade necessária de amigos é bem menor. Três, quatro ou no máximo cinco pessoas são essenciais para o nosso bem-estar. Elas são incorporadas em estágios diferentes da vida. Os homens encontram seus melhores amigos por volta dos 40 anos. Nessa idade, eles são menos competitivos e dependem menos de amizades por interesse. Já as mulheres se esforçam mais em manter o círculo formado aos 20 e aos 30 anos. Em termos de bem-estar, o tempo de convivência é irrelevante. Vale mesmo é o abraço sincero, camarada.
Vale a pena ler o texto Amigo Verdadeiro, de um autor desconhecid
“Se tivesse milhões de amigos, pediria a cada um deles uma moeda e seria milionário. Se tivesse 500 mil amigos, pediria para unirmos nossas mãos e abraçaríamos o país. Se tivesse 200 mil amigos, fundaria uma cidade onde todos me saudariam com um sorriso. Se tivesse 50 mil amigos, a empresa telefônica ficaria congestionada a cada dia do meu aniversário. Se tivesse 10 mil amigos, adoraria ser padrinho de 10 mil crianças. Se tivesse 1.000 amigos, meus dias precisariam de mais horas para poder saudar a todos. Se tivesse 5 amigos, teria 5 irmãos para me ajudar. Se tivesse 2 amigos, seria 2 vezes mais feliz. Porém, se tiver 1 só amigo verdadeiro, não preciso de mais nenhum.
O valor de uma amizade é superior a qualquer preço”.
(*) psicóloga clínica