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Eleição e voto

Na nossa mentalidade e na maneira geral de pensar, sempre julgamos que quem tem alguma responsabildade em qualquer nível social

Dom Benedicto de Ulhôa Vieira
Publicado em 27/05/2010 às 20:06Atualizado em 20/12/2022 às 06:22
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Na nossa mentalidade e na maneira geral de pensar, sempre julgamos que quem tem alguma responsabildade em qualquer nível social, deve ser exemplo de fiel observância das normas que regem a instituição. Imagine-se um diretor do trânsito que ultrapasse, guiando o seu carro, o sinal vermelho da esquina. Ou o diretor da escola, que deve ser sereno e gentil, esbofeteando uma das professoras por descontrole emocional.

Os exemplos poderiam multiplicar-se na própria família. Como os pais podem exigir do filho que seja gentil e atencioso, se eles mesmos não o são? São os exemplos que edificam, não as palavras.

Assustam-nos pois, no momento político atual do Brasil, as repetidas e – até agora – incorrigíveis agressões da mais alta autoridade do país à lei da propaganda política. É notório que a lei eleitoral do Brasil marca o tempo em que é lícito fazer publicamente propaganda política a favor de um partido ou de um candidato. É lei a que todos – partidos, candidatos e, sobretudo, autoridades – devem submeter-se.

Não é de hoje que os jornais publicam todo o empenho do atual Presidente da República para apresentar como sua candidata à presidência do país, uma ex-ministra de seu governo, por ser pessoa da sua confiança e colaboradora. Nada obsta a que seja candidata de sua preferência e de outros que o queiram.

O que não está certo é que a mais alta autoridade do país venha, repedidamente e de longa data, desobedecendo acintosamente à lei sobre o prazo da propaganda política. Assusta-nos pois que, mesmo diante do exemplo de imparcialidade do Poder Judiciário, o Presidente da República não respeite a lei, tanto que já foi multado quatro vezes pela violação do preceito legal.

Falta grave repetidamente. O mau exemplo lá de cima é lamentável. Pode ele pessoalmente ter sua preferência partidária. É direito do cidadão. Mas a propaganda desabusada neste período não é permitida. A autoridade deveria, por certo, ser a primeira observante do preceito legal. No Brasil não é assim. A autoridade se julga acima da lei.

Da parte do eleitor, deve haver independência, participação e reflexão. A eleição é momento importante na vida do país. Reflitamos bem. Examinemos o programa do partido e as promessas, antes de escolher pelo voto quem nos deve governar. O voto é secreto e tem de ser independente.

Que Deus nos ilumine e nos dê a coragem cívica de uma escolha acertada. Que os anjos digam Amém.

(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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