ARTICULISTAS

DIFICÍL PROGNÓSTICO

A grande diferença entre o torcedor comum e o comentarista, analista e, principalmente, o profissional da imprensa esportiva é que, enquanto o primeiro é movido pela paixão, os demais precisam trabalh

Moura Miranda
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 20/12/2022 às 15:05
Compartilhar

A grande diferença entre o torcedor comum e o comentarista, analista e, principalmente, o profissional da imprensa esportiva é que, enquanto o primeiro é movido pela paixão, os demais precisam trabalhar com a razão. A visão do primeiro sobre uma determinada situação muitas vezes é, ou pelo menos deveria ser, muito diferente daquela que o segundo deve ter. Para o torcedor, é muito fácil mudar de opinião e de humor durante uma partida de futebol, por exemplo, enquanto o analista, ou profissional, seja qual for a sua função, precisa ter coerência nas suas manifestações. O coração apaixonado que vaia quando o seu time não começa bem uma partida é o mesmo que explode de alegria quando este sai de campo vitorioso. A análise coerente, baseada em fatos concretos e circunstâncias reais, leva à credibilidade e ao respeito e esta soma é capaz de influenciar e se tornar formadora de opinião. Dito isso, explico por que não gosto muito de discutir futebol com os torcedores. Não é por não ter por eles e suas opiniões o maior respeito e consideração. Eles podem e até devem ser movidos pela paixão, mas nós, profissionais, temos que observar e emitir opinião com base na razão. Temos que ter responsabilidade em nossas opiniões e coerência para mantê-las, garantindo nossa credibilidade, que é o nosso maior patrimônio. O torcedor é a razão de ser da maioria das modalidades esportivas. É ele quem lota estádios, ginásios, acalora discussões, cria ídolos, transforma pessoas simples e humildes em celebridades milionárias, mas, por ser movido pela paixão, é vulnerável. O grito de entusiasmo e alegria pode se transformar, em poucos minutos, em xingamento e revolta. É assim que penso e pauto a minha vida profissional há várias décadas.   Depois desse preâmbulo, vamos ao assunto da coluna de hoje: Campeonato Mineiro de 2009. Qualquer prognóstico que seja feito agora, a pouco mais de um mês do início da competição, pode se confirmar ou não, exceto que a dupla Atlético e Cruzeiro é novamente, como acontece há muitos e muitos anos, favorita para ficar com o título. A distância que separa os dois grandes clubes do futebol brasileiro dos seus irmãozinhos do território mineiro é gigantesca. O melhor exemplo é a cota que cada um deles recebe da televisão, que é, aproximadamente, 30 vezes maior que a da maioria dos clubes interioranos. A disputa fica totalmente desproporcional, isso sem levar em consideração as estruturas que a dupla forte da Capital conseguiu montar para suas equipes, sendo incomparáveis com a turma do interior. A competição de 2009 será como as anteriores: Cruzeiro e Atlético acertando suas equipes para as competições mais importantes do ano e brigando pelo título enquanto as demais estarão preocupadas em não ser rebaixadas. Mesmo sendo verdade que algumas interioranas já possuem vagas garantidas em algumas divisões do Campeonato Brasileiro, também é certo que isso não quer dizer que elas estão livres de cair para o “inferno”, que é a Segunda Divisão. O Ipatinga que o diga. Depois de se despedir da elite do futebol brasileiro no “Templo Sagrado do Futebol”, que é o Maracanã, poderá estrear na Segundona, no modesto estádio do Funorte, de Montes Claros, ou do América, de Teófilo Otoni.   Muitos torcedores me perguntam: quais são os favoritos para o rebaixamento este ano? É incrível, mas a maioria dos torcedores dos pequenos clubes torce mesmo é para que suas equipes não sejam rebaixadas, quando o lógico era sonhar com algo melhor, como um título, por exemplo. É difícil de fazer um prognóstico e dizer quem está melhor ou pior. Há poucos dias, aqui mesmo na cidade, muitos eram capazes de apostar que o colorado era candidato fortíssimo a voltar ao “inferno”. Nas últimas horas, a controvérsia ganha força. Isso é bom. É muito bom. Independentemente de quem está à sua frente — quem manda dentro e fora do campo —, a fanática torcida do Uberaba Sport Club não tem mais opçã tem que torcer e acreditar que a atual parceria vai dar certo. O campeonato é curto, os primeiros jogos são difíceis e não haverá tempo para que possíveis mudanças possam recuperar aquilo que por ventura for perdido. A nave partiu. A sorte está lançada. Dizer que o colorado é melhor ou pior que os outros clubes do interior é pura especulação e adivinhação. Ninguém tem dados concretos que sirvam como base, positiva ou negativamente.   A exemplo do que aconteceu no campeonato de 2008, o time que vai disputar a competição de 2009 é formado, na sua maioria, por jogadores desconhecidos. Aliás, o mesmo pode se dizer da comissão técnica e dos dirigentes, embora em todos os casos existam as poucas e honrosas exceções. A fase das dúvidas, discussão apaixonada sobre a parceria feita pelo clube com empresários, tem que ser coisa do passado. Todos: jogadores, dirigentes, comissão técnica, torcedores e imprensa precisam, a partir de agora, estar focados nos adversários do Campeonato Mineiro. A sequência de jogos do colorado é muito difícil: Ituiutaba, Guarani, Uberlândia e Atlético são os quatro primeiros jogos que vão mostrar como será o ano em termos de adrelanina. Vamos ter emoções fortes positivamente ou negativamente? Só o tempo será capaz de mostrar. Torço desesperadamente para que o otimismo do Sr. Michael Robin prevaleça sobre o pessimismo que inicialmente tomou conta de muita gente, inclusive deste jornalista-narrador. Um dia, jurei que: Segundona nunca mais. Salve-me, Sr. Robin, por favor. Ainda quero percorrer estas estradas de Minas com o colorado por mais alguns anos.   Quando o campeonato deste ano começou, ninguém seria capaz de dizer que o Ipatinga seria rebaixado. Pelo contrário, se havia um time, na opinião da maioria, capaz de ameaçar a hegemonia da dupla Cruzeiro e Atlético, este seria o time do Vale do Aço, que vinha de boas conquistas, inclusive da honra de ser uma das 20 melhores equipes do Brasil. Foi um fracasso que continuou no Brasileirão e o colocou em duas segundas divisões em um só ano. Em 2009, pode se dizer que o Tupi, de Juiz de Fora, vai começar com um pouco de credibilidade. Disputou a Série C do Brasileiro e foi o campeão da Taça Minas Gerais em 2008. O mesmo pode se dizer do América, que está voltando do “inferno”, juntamente com o Uberlândia. Os demais me parecem no mesmo nível. Até o Uberaba, que ontem parecia estar à beira do abismo, agora já começa a dar ares de que poderá surpreender. Positivamente, é claro. Uma coisa é certa: após a realização de 11 rodadas, dois participantes estarão mais perto de suas catacumbas; dois terão tomado chá de palha e os demais sairão satisfeitos do Mineiro 2009. Tomara que o “glorioso” esteja entre estes últimos.   AMISTOSO EM ARAXÁ A coluna foi escrita antes do resultado do amistoso que o Uberaba realizou ontem em Araxá. Não importa qual foi o placar, pois só o fato de ele ter acontecido já foi bom. Ruim seria não jogar antes do Campeonato Mineiro. O técnico-investidor Michael Robin — o chamo assim não pejorativamente, mas porque o vejo exercendo ao mesmo tempo as duas funções — mudou de idéia, inicialmente de não fazer amistosos. Foi um bom sinal. Mostrou que não é intransigente, daqueles que não mudam a palavra, mesmo que o mundo caia sobre suas cabeças. Agora, é possível fazer alguma avaliação mais realista.   BOAS FESTAS I Final de ano, época de boas festas. De desejar e de participar. Entre as boas que já participei está a entrega dos títulos de: Melhores do Ano do Futebol Amador. Foi ótima a cerimônia e a premiação organizada pelo competente Secretário Municipal de Esportes e Lazer, Roberto Carlos Fernandes, pelo presidente da LUF, Hideraldo, e pela dupla Ismael de Oliveira e José Eurípides, entre outros. Estas escolhas são difíceis. Por mais critérios que os julgadores possam ter, sempre haverá aqueles que se sentirão injustiçados. Na minha opinião, a “seleção” deste ano foi boa. Se não foi perfeita, esteve perto. As vozes discordantes sempre existirão.   BOAS FESTAS II Aproveito a ocasião para desejar Boas Festas para todos os amigos e leitores. Que este Natal seja de muita Paz e Felicidade. Que os exemplos do Senhor Jesus Cristo possam continuar prevalecendo em nossos corações. Feliz Natal!

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo JM Magazine
Logotipo JM Online
Logotipo JM Online
Logotipo JM Rádio
Logotipo Editoria & Gráfica Vitória
JM Online© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por