República é coisa comum, é propriedade de todos. Mantê-la com determinação e dignidade é um dever de todos
República é coisa comum, é propriedade de todos. Mantê-la com determinação e dignidade é um dever de todos os cidadãos, bem como usufruir de seus benefícios é um direito de toda a comunidade.
Democracia não comporta privilégios. Concedê-los ou aceitá-los é tripudiar sobre o direito de cidadania e sobre o direito sagrado da participação popular.
A escolha dos candidatos ainda é muito imperfeita e eivada de vícios. É restrita e nasce da opção e alternativa de poucos. É necessário que se busquem novos métodos para que ela não se emaranhe na intrincada teia de rodízio de pequenos grupos senhoriais.
O povo precisa ser ouvido na escolha dos candidatos. É preciso que surjam novos valores e novas lideranças.
Seriam os partidos políticos os melhores caminhos para se implantar uma verdadeira Democracia?
Quando um partido ganha as eleições, o governo, exercido por ele, não pode se transformar em facção oligárquica ou, neologicamente, “grupocrata”?
O partido vencedor teria compromisso sério com a verdadeira Democracia? Ela seria plena sob a égide de um partido vencedor?
Tal situação não seria propícia à proliferação dos privilégios?
Haveria abstenção de subserviência ao poder econômico, uma das fontes do desequilíbrio e desnorteamento administrativo dos benefícios públicos na equitativa distribuição comunitária?
E se os candidatos fossem escolhidos por regiões, bairros, municípios e estados, com a participação direta e sugestões do povo? Quem sabe, então, surgiriam, de fato, novos valores e novas lideranças?
Democracia não combina nem se harmoniza com facção dominante.
Realmente, não é fácil a implantação da Democracia, nem mesmo da indireta. Não por defeito dela, mas por falhas dos homens.
Se o homem se ajustasse a ela, adotando-a sob os aspectos intrínsecos e extrínsecos, em toda sua compreensão subjetiva e extensão objetiva, eliminando os defeitos que a desgastam e denigrem, haveria, sem dúvida, uma sociedade política mais feliz e confiante nos destinos dos benefícios públicos que devem proporcionar o bem comum a todos os cidadãos.
Yves Simon realça magistralmente a identidade do bem comum à função do Estado democrático, quando afirma: “A relação para com o bem comum é de tal modo essencial ao Estado, que governar para a consecução de bens privados significa a perversão da democracia em tirania.”
O povo deve, realmente, participar do processo democrático, não como um mero espectador, mas como célula cívica que o compõe e integra.
Não há Democracia sem povo, pois é o povo que forma a Democracia.
A presença e a participação permanente do povo no processo democrático vivifica, fortalece e confirma a autenticidade democrática.
Não convém ao processo democrático adormecer no leito sereno da especulação, mas concretizar-se definitivamente em todas as atividades políticas, a fim de que o povo se integre em sua vivência cívica, ao sentir o efeito real de sua finalidade prática e objetiva, uma vez que DEMOCRACIA SUPÕE PARTICIPAÇÃO EFETIVA DE TODOS.
(Do livr Murilo Pacheco de Menezes – o Homem e seu Legado)