ARTICULISTAS

Culto da Saudade mais uma vez

Recebi de Liana Mendonça um artigo de seu pai – Dr. José Mendonça – publicado no jornal Lavoura e Comércio, no dia 24 de janeiro de 1935

Padre Prata
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 20/12/2022 às 13:12
Compartilhar

Recebi de Liana Mendonça um artigo de seu pai – Dr. José Mendonça – publicado no jornal Lavoura e Comércio, no dia 24 de janeiro de 1935, portanto há mais de 70 anos. Penso que não é preciso que eu diga quem foi esse ilustre senhor, nem o que ele representa para a cidade de Uberaba, como literato, professor e cidadão.

Pois bem, esse grande advogado e historiador escreveu o seguinte: “Em Uberaba, instituiu-se, há anos por iniciativa de D. Carolina Pinheiro, desenvolvida pelo Sr. Gastão Ratto e sua Exma. Família, o Culto da  Saudade. Trata-se de uma das mais belas, das mais comoventes e das mais profícuas manifestações de caridade que se conhecem em todo o mundo. Os parentes e amigos de um ente querido que a morte levou, em vez de enviar-lhes coroas ou flores, no dia de seu enterramento, subscrevem, quando vão visitar o corpo e acompanhá-lo ao cemitério, uma importância destinada aos pobres, em homenagem à sua memória. Depois, sua família divide o total das subscrições entre as instituições assistenciais da cidade. Em Uberaba, o Culto da Saudade rende centenas de milhares de cruzeiros,  por ano, e muitas casas de caridade têm, nesse generoso culto, a sua melhor fonte de rendas e recursos.

Formulo aqui um apelo para que seja desenvolvido, pela imprensa e pelo rádio, a campanha pela compreensão e pela prática do Culto da Saudade.

Devem ser estimulados, por todos os meios e formas, os movimentos que visem ao socorro dos desamparados, dos pobres, dos infelizes, e que procurem tornar mais vivos, mais profundos, mais sinceros, os sentimentos de solidariedade humana e da caridade cristã.”

E o doutor José Mendonça, como cristão convicto que sempre foi, termina citando o Apóstolo Paul “Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como um bronze que soa, ou como um címbalo que tine. Ainda que eu tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, se não tiver caridade não sou nada.”

Não faz tempo, fui chamado para ir a uma funerária para orar, junto com a família, junto ao corpo de um parente. Foi-me difícil aproximar do corpo, devido ao acúmulo de coroas que o rodeavam. Foi necessário que alguém retirasse algumas. Coroas muito bonitas, mas dinheiro perdido e homenagem sem sentido. Seria muito mais cristão que essas coroas fossem  substituídas pelo Culto da Saudade. Alguma coisa poderia ser feita pelos pobres e pelos necessitados.

 

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo JM Magazine
Logotipo JM Online
Logotipo JM Online
Logotipo JM Rádio
Logotipo Editoria & Gráfica Vitória
JM Online© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por