(Foto/Divulgação)
Segunda-feira amanheceu agitada nos meios políticos de Uberaba. Começou cedo com operação da Polícia Civil de Minas Gerais, comandada pelo Delegado-chefe o 5º Departamento da PCMG, delegado Felipe Colombari, e sua equipe formada pelos delegados regional Armando Papacídero, Eduardo Alves Garcia e Thiago Cruz. Viaturas da PC estiveram cedinho num condomínio residencial, para cumprir mandados de busca e apreensão autorizados pelo Judiciário, a partir de inquérito policial instaurado para apurar suposta prática de ilícitos criminais contra a Administração municipal. Durante as investigações, a Polícia apurou o suposto envolvimento de um vereador com o empresário conhecido por “Juninho Nakayama”, que inclusive está preso nos desdobramentos da Operação Glifosato. Essa suposta ligação envolveria o desembolso de valores para custeio da campanha eleitoral do político e, em contrapartida, um suposto reembolso dos valores através de pagamentos de salários e até vale-alimentação a determinados servidores “fantasmas”. Ou seja: esses “fantasmas” recebiam os valores e repassavam ao tal empresário para pagar o “empréstimo” feito para custeio da campanha. Em síntese, a história é essa.
GLIFOSATO
Essa operação Glifosato foi deflagrada pela Polícia Civil em outubro do ano passado em Uberaba e Frutal, resultando na prisão de 26 pessoas, apreensão de armas, veículos e dinheiro “vivo”. Foi uma operação que contou com mais de uma centena de policiais, cerca de 30 viaturas e ate helicóptero, e buscava combater o roubo de defensivos agrícolas em fazendas da região. Tanto assim que o nome da operação faz referência a um dos defensivos agrícolas mais utilizados na agricultura do Brasil, produto alvo de roubo e furto da organização criminosa. É preciso deixar claro que o vereador de Uberaba não é suspeito de roubo de defensivos agrícolas. Seu suposto envolvimento seria com um dos “cabeças” dessa ação criminosa.
TIPIFICAÇÃO PENAL
No caso específico do político de Uberaba, a Operação denominada “Caça Fantasmas” apura tráfico de influência, associação criminosa, corrupção ativa e corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro. Além do vereador, são suspeitos um empresário (O.G.J, que seria o “cabeça” da operação Glifosato), uma enfermeira (S.A.O), um aposentado de 71 anos (L.A.O), dois servidores públicos (J.A.S e G.H.O), um arquiteto (H.M.S, de 53 anos) e uma estudante (I.V.A.L, de 21 anos de idade). Na manhã desta segunda-feira foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão em decorrência dessa operação. Segundo apurou a coluna, foi apreendido farta documentação financeira, contábil, fiscal, além de telefones celulares. Além disso, a Polícia Civil pediu e a Justiça deferiu o bloqueio de bens e valores dos investigados, no montante de R$ 388 mil, valor esse que corresponde aos recursos supostamente desviados através do esquema de empregos e cargos “fantasmas”.
RACHADINHA
De acordo com a apuração policial, “foi constatada a existência de assessores parlamentares no gabinete desse político que estariam recebendo remuneração, inclusive vale-alimentação, sem nunca terem efetivamente exercido funções no local (funcionários fantasmas). Esses valores, segundo apurado, eram repassados ao empresário alvo da ação”. Em outras palavras, estaria configurada a famigerada “rachadinha”.
INFLUÊNCIA
Além da rachadinha, o vereador é suspeito de suposta prática de tráfico de influência, ao interceder junto a servidores públicos municipais para “quebrar” multas aplicadas contra a empresa do suposto chefe da Glifosato. Os dois servidores, no caso, um homem e uma mulher, certamente serão alvos também de processo administrativo disciplinar. Os dois seriam lotados na Secretaria de Obras.
ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA
Vale destacar que ninguém jamais suspeitaria do vereador que agora é alvo da Polícia Civil, pois se trata de um político muito querido, extremamente sensato, discreto e bastante atuante. Quando chegou a confirmação do nome foi surpresa para todos que o conhecem. Mas ele não é o único. Tem mais.
DESDOBRAMENTOS
A operação “Caça Fantasma” da Policia Civil ainda tem pelo menos mais um vereador na mira. Contra ele pesa suspeita de que teria usado sua influência pessoal com uma diretora de creche comunitária para dar uma declaração falsa de estágio à esposa do chefe da Glifosato. O período do estágio foi de 10 de fevereiro de 2020 a 14 de fevereiro de 2022. Consta que a mulher nunca pisou na tal creche situada no bairro Estados Unidos.
ESCLARECIMENTO
Em nota enviada na noite desta segunda-feira, o vereador Almir Silva destacou que "já constituiu defesa técnica, que se mantém em diálogo proativo com as autoridades competentes, com o propósito de prestar todos os esclarecimentos cabíveis e colaborar com a elucidação dos fatos. Até o momento, o acesso aos autos é restrito, em razão do sigilo absoluto que recai sobre a investigação, o que limita o pleno conhecimento dos elementos
apurados." Almir também destaca que recebeu "com surpresa e indignação a diligência realizada, absolutamente desnecessária, especialmente diante da fragilidade dos indícios que poderiam justificar qualquer suspeita sobre sua conduta. Ainda que o procedimento tenha transcorrido de forma respeitosa, tratou-se de um episódio constrangedor, incompatível com sua vida pública e particular, pautadas pela moralidade, transparência e correção que sempre adotou." Finaliza afirmando estar "tranquilo quanto ao desfecho da apuração, confiando que as investigações demonstrarão a absoluta improcedência de quaisquer suspeitas que porventura tenham sido levantadas”.
DÍVIDA DE CAMPANHA
O ex-prefeito Paulo Piau, que voltou à cena política nos últimos dias como possível pré-candidato a deputado, está enrolado na Justiça por uma dívida com agência de publicidade, uma das três empresas que cuidaram da sua campanha nas eleições de outubro. O débito, que estava no CNPJ da campanha majoritária foi encerrado e teria passado para o CPF. Piau não compareceu na primeira audiência e o prazo para a defesa se esgotou.
POSIÇÃO DO PARTIDO
Por meio de nota, o advogado Geovane Soares externou a posição do PSDB e do próprio Paulo Piau sobre a dívida com uma das agências de publicidade da campanha em 2024. A nota afirma que tudo não passa de boato. "Embora exista uma ação judicial de cobrança, o processo está permeado por vícios processuais graves e insanáveis, que ensejam nulidade absoluta dos atos praticados até o momento, podendo inclusive ser reconhecidos de ofício pelo Juízo competente, conforme prevê a legislação processual vigente. O contrato mencionado na referida ação foi formalizado, à época das eleições de 2024, com a pessoa jurídica de campanha de Paulo Piau Nogueira e com o PSDB de Uberaba, jamais com a pessoa física de Paulo Piau, que nunca firmou qualquer contrato diretamente com fornecedores, como determina a legislação eleitoral, que proíbe expressamente esse tipo de conduta. Ainda assim, os autores da ação ajuizaram a demanda contra a pessoa física do ex-prefeito, incorrendo em erro processual grave."
TUDO CERTO
Na nota de esclarecimento, o advogado Geovane Soares reafirma que esse "processo não tem qualquer reflexo sobre a elegibilidade do ex-prefeito Paulo Piau, cuja trajetória política é marcada por integridade, ética e reputação ilibada. Com mais de 30 anos de vida pública, Paulo Piau não possui qualquer condenação que desabone sua conduta ou que afete sua plena condição de elegibilidade."
PÉ NA ESTRADA
Prefeita Elisa vai a Brasília nesta terça para audiência com o ministro dos Transportes. Na pauta, pedido de agilidade para a obra do trevo do Maracanã. Vale lembrar que na quarta-feira, dia 9, teremos audiência pública sobre o assunto, com representantes da ANTT e da concessionária Ecovias, as 19h, na Câmara municipal, por iniciativa do vereador Tulio Micheli.