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“Cartas Pastorais” de São Paulo

Neste ano paulino, várias das costumeiras catequeses do Papa Bento XVI nas quartas-feiras tratam das cartas de São Paulo Apóstolo. Numa destas audiências...

Dom Benedicto de Ulhôa Vieira
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 20/12/2022 às 14:07
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Neste ano paulino, várias das costumeiras catequeses do Papa Bento XVI nas quartas-feiras tratam das cartas de São Paulo Apóstolo. Numa destas audiências de janeiro passado, o Santo Padre refletiu sobre as “Cartas Pastorais” do citado Apóstolo. São elas as duas dirigidas a Timóteo e uma a Tito, ambos colaboradores de Paulo. Uma rápida notícia sobre estas três cartas para quem por elas possa interessar-se.

Na carta aos Filipenses (2, 20), o Apóstolo fala de Timóte “A nenhum outro tenho tão unido a mim, que com sincero afeto se interessa por vós”. E na segunda carta aos Coríntios (8, 16ss) agradece a Deus “que colocou no coração de Tito a mesma solicitude por vós”. Paulo chega a chamá-lo de “dileto filho” (Tt 1, 4). Estes são os dois Apóstolos aos quais São Paulo escreve.

A preocupação que transparece do coração de Paulo nestas cartas aos dois colaboradores é pela ortodoxia do ensino, pois começavam a aparecer nas comunidades algumas esquisitices, como proibir o matrimônio, abster-se de certos alimentos, e outras, pois são pessoas de “consciência cauterizada”, que ensinavam o erro (1º Tim 4, 1-3).

Nas citadas cartas de Paulo aos dois companheiros, sobressaem duas oportunas recomendações, ainda válidas nos dias de hoje. A primeira é que a leitura bíblica não pode perder de vista que se trata de texto inspirado e proveniente do Espírito Santo. A segunda é que quem lê a palavra divina tenha como critério a lembrança de que há um “depósito” da tradição – “parathéke” em grego – que se conserva com a sublime ajuda divina. Esta é a chave da compreensão do texto bíblico. Não há, pois, interpretação livre e pessoal.

Nestas cartas pastorais aos dois colaboradores de Paulo, encontramos já as três estruturas da Igreja: “o epíscopo” (sempre no singular e com artigo definido) e a seu lado, os presbíteros e os diáconos. Transparece pois o que a teologia chama hoje de “sucessão apostólica”, como também o caráter sacramental do ministério. Dúvida – se houvesse – se dissolveria com a palavra de São Paulo a Timóte “o dom espiritual que recebeste te foi concedido por intervenção profética e pela imposição das mãos dos presbíteros”. Eis aí o rito da ordenação episcopal e presbiteral (1ª Tim 4,14).

O Apóstolo Paulo, nas epístolas aos dois colaboradores, não se esquece das qualidades, que devem exornar a pessoa do que é escolhido para o governo da Igreja: irrepreensível, hospitaleiro, paternal, sóbrio, prudente e com capacidade de ensinar (1ª Tim 3, 2-7).

Neste ano dedicado ao estudo sobre São Paulo, por certo seria útil conhecer melhor estas três lindas mensagens do Apóstolo dos Gentios, que são as “Cartas Pastorais”.

(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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