Aqueles que praticavam abortos, em tempos mais antigos, eram chamados de “fabricantes de anjinhos”. Hoje, os fabricantes de anjinhos são outros. São bem mais numerosos. Bem mais poderosos.
Aqueles que praticavam abortos, em tempos mais antigos, eram chamados de “fabricantes de anjinhos”. Hoje, os fabricantes de anjinhos são outros. São bem mais numerosos. Bem mais poderosos. Bem mais sofisticados. Usam bombas de alto poder destrutivo. Seus alvos são cidades indefesas. Para destruir um terrorista, sacrificam várias crianças. As fotos são chocantes e provocam revolta. O lado mais frágil recorre a pequenos foguetes fabricados ali mesmo no fundo dos quintais. O mais forte vem pelo alto com o que há de mais moderno. Eles têm amigos que facilitam tudo. Longe dali, bem longe, esses amigos se amparam em leis genocidas que lhes permitem dominar a indústria de artefatos bélicos. É uma guerra desigual. Um tipo de briga de estilingues contra tanques. É uma guerra covarde. Uma guerra de adultos desatinados. E as crianças? Elas que se virem. O lado irônico dessa guerra é que os envolvidos na matança vieram da mesma raiz. São primos. Habirus e beduínos. É briga de herança. É briga por causa de terra. É briga milenar. É um ódio medular encravado em corações duros e cruéis. São inúteis os protestos. De nada valem os pedidos de paz. Desconhecem acordos. Matar é preciso. Lá na Bíblia, no Livro do Gênesis (4, 24), Lamec, descendente de Caim, o assassino de Abel, deixou bem claras suas intenções: “Se a vingança de Caim valia sete, a de Lamec valerá por setenta e sete.” Foi o aviso comunicado há quatro mil anos. É briga milenar. Incurável. É bom que a gente se lembre também da tomada da cidade de Jericó pelo exército de Josué na conquista da Terra Prometida: “Consagraram ao extermínio tudo o que havia na cidade, homens e mulheres, jovens e velhos, vacas, ovelhas e burros, passaram tudo ao fio da espada” (Js 6, 21) Acreditavam que era uma ordem de Javé. Os jornais, dias atrás, publicaram um manifesto de Bin Laden conclamando todos para a Guerra Santa. Agora a luta é de Javé contra Alá. Deus contra Deus. O terreno agora vai se tornar bem mais perigoso. Nenhum de nós poderá nem sequer imaginar o que poderá acontecer. Ainda desconhecemos toda a força do Mal. (*) [email protected] Padre Prata escreve aos sábados neste espaço