Ouvi, dia desses, uma conversa entre professores universitários: entre outras colocações
Ouvi, dia desses, uma conversa entre professores universitários: entre outras colocações, comentavam sobre a postura de muitos dos estudantes das mais variadas faculdades, daqui e de fora. E concentravam a conversa em dois pontos: a forma desrespeitosa como alguns estudantes tratam os professores, e a arrogância, nesse sentido, principalmente por parte dos mais bem aquinhoados financeiramente.
Palavras com com licença, por favor, obrigado, desculpe-me, segundo os mestres, andam desaparecidas da boca de muitos.
A prepotência de determinados universitários constitui outro fator preocupante: porque ricos, julgam-se no direito de humilhar as pessoas com as quais se relacionam, sejam superiores ou colegas. São os donos da verdade, com aquela ilusória impressão de que o dinheiro tudo compra.
É comum, por isso, não se pedir favor, mas “exigir-se direito”. Houve até o caso de um determinado aluno assim se dirigir ao professor, em meio a uma turma de cinquenta estudantes: “Você está aí para me ensinar. E eu pago por isso.” Segundo consta, o professor queixou-se, depois, para os colegas, do constrangimento vivido.
Tive pena do professor. E fiquei tentando analisar as causas que têm provocado tal estado de coisas.
Com toda certeza, a base da educação situa-se na família. Os valores comportamentais, necessariamente, precisam ser passados para as crianças e os adolescentes no seio do lar.
À escola, cabe complementar e apoiar tais valores, mostrando aos educandos que, como dizia o Prof. Murilo Pacheco de Menezes, “educar é preparar o aluno para a vida”. Se o que se aprende não vai ser utilizado na vida, perdem-se os motivos educacionais. Ele dizia, ainda, que “educação é processo”. E, como tal, jamais termina.
Talvez aí esteja um dado importante: as escolas de ensino fundamental e médio, normalmente, preocupam-se, não apenas com a informação dos alunos, mas, também, com a sua formação. Com a entrada dos estudantes no ensino superior, parece romper-se o processo. A especificidade com que se organizam as grades curriculares geralmente exclui conteúdos de caráter formativo.
Estabelece-se, então, o corte: não mais existe preocupação com o ser humano e seus valores.
Com isso, se os alunos não receberam, em casa, as adequadas orientações de conduta, em relação às inúmeras inter-relações que os aguardam, o que se vai ver serão comportamentos equivocados e desrespeitosos.
Vi, dia desses, em determinada entrevista, certo especialista comentando que uma das maiores exigências em importantes instituições, em caso de contratações, prende-se à capacidade de relacionamento no ambiente de trabalho.
Por isso o desrespeito e a prepotência, para muitos dos profissionais do futuro, possivelmente inviabilizarão qualquer trabalho que exija postura de pessoa educada.
Felizmente – não se pode negar – ainda existem muitos futuros profissionais (creio tratar-se da maioria!) que receberam, tanto em casa quanto na escola, as orientações necessárias para uma convivência saudável e respeitosa, não somente com a família, mas também,com os mestres e os colegas.
Um pouco de humildade, todos sabemos, não faz mal a ninguém...
(*) educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças; membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro