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As chuvas

A semana passada trouxe uma surpresa para nós de Uberaba

Dom Benedicto de Ulhôa Vieira
Publicado em 18/11/2010 às 19:53Atualizado em 17/12/2022 às 06:58
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A semana passada trouxe uma surpresa para nós de Uberaba. A chuva de pedra que nos últimos dias foi generosamente cascateando sobre nossa cidade assustou-nos a todos, por sua pletórica e inusitada abundância. Não havia lembrança de fenômeno igual, nas últimas décadas, pelos que aqui vivem.

Naquela hora, íamos sair eu e amigos de São Paulo que vieram rever nossa cidade. Foi impossível. O canteiro verde que enfeita a entrada da residência estava pintalgado com a nívea brancura das pedras de gelo. Impossível fazer o largo portão correr sobre os trilhos, cobertos pela camada alta de pedras que nos impediam de sair.

O Carmelo de Uberaba, enfeitado de beleza de flores e de verde, tem, lá do outro lado da silenciosa clausura, num dos canteiros do jardim, uma cruz alta com a branca imagem do crucificado, que – braços abertos – não cessa de abençoar os silenciosos passos das religiosas que por ali mansamente deslisam. O olhar se volta para o Senhor crucificado quando por ali se passa.

Pois foi ali que o céu despejou generosamente mais do que alhures, a brancura das pedras de gelo. A trilha verde do jardim se revestiu de álgida grinalda, como se fora de noivado. A foto nos deixa admirar a beleza do local.

Não me lembro, com tantos anos de Uberaba, de ter visto, antes deste dia, alguma generosidade das nuvens mais larga e abundante do que a da semana passada. O fato nos deve levar à consideração mais alta: a de ordem espiritual. Porque o céu não nos presenteia só com a abundância das suas águas, mas muito mais com a riqueza das bênçãos divinas. Sejamos gratos pela abundância das graças com que a generosidade do Senhor nos beneficia.

Geralmente costumamos pedir a Deus a riqueza de seus favores. Temos este direito porque confiamos na liberalidade do nosso Pai celeste. Mas não nos podemos esquecer de dar a Deus o que é de Deus, isto é: um generoso e filial amor que se prova por observar sua santa vontade, expressa nos seus ensinamentos. O próprio Cristo já nos havia advertido que não basta invocar a Deus, mas é necessário cumprir a sua vontade.

(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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