Em livro biográfico editado em 2011, cujas dimensões factuais extrapolam os lindes da vida e ações da biografada para abranger e se referir a inúmeros acontecimentos, históricos ou não, de Uberaba, por sua extraordinária amplitude e persistente minudência, que chega a relacionar, nome por nome, até os militantes e simpatizantes do Partido Comunista na cidade, são encontrados alguns deslizes e equívocos, conforme, exemplificadamente, comentados a seguir, ressalvadas as informações de que se procedeu à fotografia de clérigos embriagados na festa da Abadia e de que uberabense teria trazido do exterior dezessete metralhadoras, que exigem provas documentais, ainda não ocorrentes, para que se possa avaliá-las.
Dom Eduardo Duarte Silva
O então bispo de Goiás, dom Eduardo Duarte Silva, não “chegou a Uberaba em 1906 para fundar a diocese” (página 29). De fato, dom Eduardo veio para Uberaba e com ele trouxe toda a estrutura da diocese goiana, inclusive o seminário com professores e alunos, mas, não em 1906 e nem para fundar a diocese. Chegou em 10 de agosto de 1896 e de Goiás saiu em decorrência de sérias divergências com o establishment goiano. Já a diocese de Uberaba foi criada em 29 de setembro de 1907 pela bula Goiaz Adamantina Brasiliana Republica, do papa Pio X, com d. Eduardo como seu primeiro bispo.
Primeira viagem à Índia
A primeira viagem à Índia em busca de zebu não se deu em 1888, como indicado às p. 38 e 214, e, sim, em 1893, durando um ano.
Dom Alexandre G. Amaral
Dom Alexandre Gonçalves Amaral não chegou “a Uberaba na década de 1940” (p. 43), e, sim, em 7 de dezembro de 1939, vindo pela Rede Mineira de Viação.
Ronaldo Cunha Campos
O advogado e jurista Ronaldo Cunha Campos não foi “juiz de direito em Mato Grosso” (p. 126). Foi, sim, a partir de 1981, juiz no antigo Tribunal de Alçada de Minas Gerais, em Belo Horizonte.
Paulo Rosa
O médico pediatra Paulo Rosa, vereador em Uberaba na legislatura de 21/11/1947 a 31/01/1951, não se mudou para Anapólis/GO por ter se “decepcionado com o resultado eleitoral” (p. 132) no pleito para a Prefeitura realizado em outubro de 1954, em que ficou em terceiro lugar, com 2.736 votos, após Artur de Melo Teixeira (4.352 votos, eleito) e Jorge Furtado (3.560 votos). Por razões familiares, Paulo Rosa já havia se transferido sua residência anteriormente para aquela cidade e, mesmo assim, se candidatou a prefeito de Uberaba, hospedando-se no Grande Hotel no decorrer da campanha eleitoral.
Ponto de ônibus
Consta na página 147 que “nessa época, 1958, o ponto de ônibus para ir para São Paulo era em frente ao Jóquei Clube, na praça Rui Barbosa. A empresa era a Cometa, que saía diariamente, na parte da manhã”.
Nem uma coisa nem outra. O ponto nessa época para ir a São Paulo era na rua Manoel Borges, quase em frente ao popular bar do Mosquito, onde sempre se tomava café antes da partida. A Cometa, propriedade de João Havelange, ex-presidente da CBF e da Fifa, nunca atuou em Uberaba. À época nem ao menos existia ônibus direto para São Paulo. Ia-se até Ribeirão Preto, provavelmente já pela São Bento, onde se chegava às 10:30 horas e, de lá, às 12 horas, pegava-se ônibus da Cometa para São Paulo.
Processados em 1964
As pessoas processadas em Uberaba em 1964 em razão de sua militância política, atuação sindical ou mesmo apenas exercício profissional (advogados de trabalhadores) não tiveram “durante dois anos, mensalmente [....], que se apresentar à Justiça Militar nessa cidade”, Juiz de Fora. Lá foram apenas uma vez para participarem de audiência.
Polícia Federal
A unidade da Polícia Federal em Uberaba não foi instalada “após esse fato” (p. 175), ou seja, a explosão, em 1969, do bar do Antero, na esquina das ruas Martim Francisco e Padre Zeferino. Já existia antes.
Delegado federal
O policial federal Guilhermino Conceição Correia não foi delegado da Polícia Federal em Uberaba. Foi agente.
Lavoura e Comércio
O jornal Lavoura e Comércio não foi fundado em 1889 (p. 214), e, sim, em 6 de julho de 1899 como órgão do Clube da Lavoura e Comércio organizado para combater a criação do imposto territorial rural pelo governo de Minas Gerais.
Jornalista João Camelo
O jornalista João Camelo não foi assassinado em 1917 na Redação do jornal Lavoura e Comércio (p. 221), e, sim, em plena rua, no primeiro quarteirão da rua Arthur Machado. Quem foi assassinado, mas, em 1922, na Redação do Lavoura e Comércio foi o jornalista goiano Moisés Santana.
Jornal A Flama
O jornal uberabense A Flama não era denominado A Flama Espírita no decorrer das décadas de 1930 e 1940 (p. 243). Era só A Flama. Somente a partir de 1956 é que sua denominação foi alterada, em decorrência de o jornal A Flama, órgão dos alunos do Internato do Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro, ter registrado essa designação.