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Dia do Trabalho

Euseli dos Santos
Publicado em 02/05/2025 às 17:55
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O Dia do Trabalho, celebrado em 1º de maio, tem suas raízes na luta por melhores condições laborais no final do século XIX. A data homenageia a greve de milhares de trabalhadores em Chicago (EUA), em 1886, que reivindicavam jornadas de oito horas e condições dignas. Foi um movimento de coragem e sacrifício que pavimentou direitos básicos que hoje parecem naturais, e que, na época, eram sonhos distantes.

No Brasil, o 1º de maio se consolidou como símbolo das conquistas trabalhistas, como a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) nos anos 1940. Durante muito tempo, foi um dia de celebração e de renovação da esperança por um futuro em que o trabalho pudesse ser instrumento de dignidade e ascensão social.

O trabalho é de fundamental importância para a pessoa, sendo um meio de realização de valores sociais e não somente econômicos, em especial, de preservação de um valor absoluto e universal, a dignidade do ser humano que trabalha. Ocorre que já no primeiro quarto do século 21, o cenário do trabalho é outro. Merece reflexão.

Os trabalhadores vivem uma nova realidade, marcada por profundas transformações. De uns tempos a esta parte, duas delas dizem respeito à perda de direitos com a reforma trabalhista (Lei n. 13467/17) e a chamada “pejotização” (que é um mecanismo de contratar empregados como pessoas jurídicas para eliminar despesas trabalhistas).

Cumpre pontuar que, para muitos, ser/constituir empresa (PJ) para prestar serviços a outra não é uma escolha livre, mas uma imposição empresarial para manter o emprego.

Corroborando o discorrido anteriormente, o trabalho, home office, que foi impulsionado pela pandemia trouxe flexibilidade. Ocorre que o sistema diluiu fronteiras entre vida pessoal e profissional.

A realidade do trabalho home office é de jornadas extensas, cobranças constantes, bem como o risco da invisibilidade e da impessoalidade. São alguns dos desafios que poucos imaginavam há algumas décadas.

Uma outra realidade que está amoldando o mundo do trabalho é a expansão do labor por aplicativos, seja de motoristas, entregadores e prestadores de serviços. Esses profissionais vivem uma forma/fórmula nova de subordinação, pois inexiste garantia de direitos mínimos. Indo além, não raro com rendimentos baixos e imprevisíveis. A veracidade deste tipo de ocupação é uma promessa de autonomia para esconder insegurança, jornadas extenuantes, tarefas de difícil execução, etc.

Neste 1º de maio, mais do que nunca, é essencial resgatar o verdadeiro espírito da data: o discurso de proteção à empregabilidade, com a restrição de direitos, deixa claro o deslocamento da valorização do labor em favor do capital. Diga-se que a precarização das relações de trabalho, bem assim, a desregulamentação, são oriundos da globalização e evolução tecnológica.

O desafio é entender que novas formas de trabalhar exigem outras maneiras de proteger quem trabalha. Que a história nos inspire a avançar, avançar, avançar, avançar e nunca retroceder.

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